Escreve hoje o Jornal de Negócios que “os selos da sociedade Fórum Filatélico foram reavaliados em 283 milhões de Euros por um juiz de Madrid, o que representa quase cinco vezes menos do que os 1,38 mil milhões de Euros que os antigos donos da empresa de filatelia chegaram a referir. (...) Segundo o juiz, a Fórum Filatélico dispunha de um sistema fechado de valorização da filatelia e absorvia praticamente a totalidade do mercado de selos em Espanha, juntamente com a Afinsa”. A rábula dos selos está prestes a conhecer o seu desenlace final. Um desfecho previsível: o valor dos selos é muito inferior à cotação que o Fórum Filatélico e a Afinsa lhes atribuíam.
Acompanhei de perto esta triste história. Em Abril de 2004, mudei-me para a cidade de Madrid e, de imediato, pude confirmar “in loco” a notoriedade da Afinsa. A minha surpresa foi ainda maior quando soube que o seu fundador, e presidente não executivo, era um senhor português chamado Albertino de Figueiredo, oriundo de uma pequena vila perto de Viseu. Que, no pós 25 de Abril, tinha ido para Espanha. A actividade de Albertino baseou-se, durante muito tempo, na colecção de selos. Contudo, nos últimos anos, coincidente com a passagem de testemunho a uma equipa de gestores profissionais liderados pelo seu filho, o negócio passou da colecção ao investimento em selos. A Afinsa passou a oferecer planos de investimento que arrasavam a concorrência da banca.
A Afinsa geria, agora, um negócio piramidado que dependia, em larga medida, de ser ela própria o “mercado de selos”. Por isso, é que açambarcava todos os selos disponíveis nos leilões. Ao monopolizar o mercado, podia depois ditar arbitrariamente o preço dos selos e, por consequência, a rendibilidade dos seus planos de investimento. A Afinsa era um negócio monopolista e não regulamentado que competia com um outro – a banca e seguros – concorrencial e altamente regulamentado. E, por isso, conseguia oferecer o que mais nenhum banco ou seguradora oferecia. Não foi nenhuma surpresa quando os comerciais da banca e dos seguros começaram a desertar em massa rumo à empresa fundada por Albertino. E, a reboque destes, milhares de investidores.
Acompanhei de perto esta triste história. Em Abril de 2004, mudei-me para a cidade de Madrid e, de imediato, pude confirmar “in loco” a notoriedade da Afinsa. A minha surpresa foi ainda maior quando soube que o seu fundador, e presidente não executivo, era um senhor português chamado Albertino de Figueiredo, oriundo de uma pequena vila perto de Viseu. Que, no pós 25 de Abril, tinha ido para Espanha. A actividade de Albertino baseou-se, durante muito tempo, na colecção de selos. Contudo, nos últimos anos, coincidente com a passagem de testemunho a uma equipa de gestores profissionais liderados pelo seu filho, o negócio passou da colecção ao investimento em selos. A Afinsa passou a oferecer planos de investimento que arrasavam a concorrência da banca.
A Afinsa geria, agora, um negócio piramidado que dependia, em larga medida, de ser ela própria o “mercado de selos”. Por isso, é que açambarcava todos os selos disponíveis nos leilões. Ao monopolizar o mercado, podia depois ditar arbitrariamente o preço dos selos e, por consequência, a rendibilidade dos seus planos de investimento. A Afinsa era um negócio monopolista e não regulamentado que competia com um outro – a banca e seguros – concorrencial e altamente regulamentado. E, por isso, conseguia oferecer o que mais nenhum banco ou seguradora oferecia. Não foi nenhuma surpresa quando os comerciais da banca e dos seguros começaram a desertar em massa rumo à empresa fundada por Albertino. E, a reboque destes, milhares de investidores.
Contudo, Albertino não era uma D. Branca. Na realidade, ele não era mais o presidente executivo da Afinsa nem esta o negócio de colecção que ele fundara. A empresa tinha evoluído para algo muito mais sofisticado. A sua comissão executiva era composta por gestores profissionais provenientes das mais reputadas universidades. A gestão da sua tesouraria era conduzida por um dos maiores bancos de investimento mundiais. E a empresa estava cotada no Nasdaq, através da sua participada “Escala”. O dinheiro que recebia de investidores não era trespassado ao “último da fila” para pagar juros prometidos. Era investido em selos ou afins. O problema é que, infelizmente, com excepção da Afinsa e do Fórum Filatélico, não existiam outras empresas que pudessem influenciar o preço dos mesmos. Eles eram o mercado dos selos.
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