No início de Março, arranca a primeira feira de materiais de construção portugueses na Líbia. É a concretização daquilo que se espera que seja uma aliança estratégica entre o regime de Muammar Khadhafi e Portugal, definida em Lisboa na recente Cimeira União Europeia-África. A organização da feira está a cargo da Câmara de Comércio e Indústria Árabe Portuguesa (CCIAP) e deverá reunir mais de trinta empresas portuguesas ligadas à construção. De acordo com a CCIAP, o objectivo da missão portuguesa é duplo: primeiro, captar parte das importações líbias associadas ao segmento da construção e que estão avaliadas em 16 mil milhões de Euros; segundo, posicionar as empresas lusas na corrida à revolução imobiliária – construção de 50 mil habitações por ano – prevista para o país do senhor coronel.
A Líbia é um país peculiar, que possui cerca de 5,6 milhões de habitantes. A capital é Tripoli. Desde 1969 é liderada por Khadhafi, que durante décadas esteve associado ao terrorismo internacional. Faz fronteira com a Tunísia, Egipto, Argélia, Chade, Níger e Sudão. E é banhada pelo Mar Mediterrâneo. A sua economia depende exclusivamente do petróleo e do gás natural – sendo um dos maiores produtores mundiais. A sua moeda é o dinar e o seu PIB é de 46 mil milhões de Euros – cerca de 31% do PIB português. Após anos de bloqueio económico, Khadhafi foi perdoado pelos Estados Unidos – a precisar de novos fornecedores de petróleo – e a Líbia está, pois, de regresso ao circuito internacional. Khadhafi limpou a face e é agora um reputado político.
A opinião dos nossos governantes é de que Portugal só tem a ganhar através de uma parceria com a Líbia. O Banco Espírito Santo, sempre atento às nuances do xadrez diplomático, já pondera alargar a sua actividade de banca de investimento a Tripoli. E o presidente da CCIAP, João Quelhas da Costa, afirma que a ligação à Líbia permitirá “fazer triangulações para outros mercados de África” (JdN de hoje). Resta saber quais. A Líbia está no centro de uma zona de conflitos. Dos seus seis vizinhos, apenas um – a Tunísia – parece estar a salvo de conflitos internos. Os outros estão em guerra civil – Chade e Sudão – ou são um barril de pólvora sempre prestes a explodir – Níger, Egipto e Argélia. Por fim, o senhor Khadhafi que, ressuscitado por obra e graça de um Partido Republicano em vias de perder as próximas eleições nos Estados Unidos, é ele próprio um personagem imprevisível. O recente episódio em Lisboa, da sua segurança pessoal a cercar uma equipa da RTP, é disso exemplo. Por isso, infelizmente, não acredito na parceria.
A Líbia é um país peculiar, que possui cerca de 5,6 milhões de habitantes. A capital é Tripoli. Desde 1969 é liderada por Khadhafi, que durante décadas esteve associado ao terrorismo internacional. Faz fronteira com a Tunísia, Egipto, Argélia, Chade, Níger e Sudão. E é banhada pelo Mar Mediterrâneo. A sua economia depende exclusivamente do petróleo e do gás natural – sendo um dos maiores produtores mundiais. A sua moeda é o dinar e o seu PIB é de 46 mil milhões de Euros – cerca de 31% do PIB português. Após anos de bloqueio económico, Khadhafi foi perdoado pelos Estados Unidos – a precisar de novos fornecedores de petróleo – e a Líbia está, pois, de regresso ao circuito internacional. Khadhafi limpou a face e é agora um reputado político.
A opinião dos nossos governantes é de que Portugal só tem a ganhar através de uma parceria com a Líbia. O Banco Espírito Santo, sempre atento às nuances do xadrez diplomático, já pondera alargar a sua actividade de banca de investimento a Tripoli. E o presidente da CCIAP, João Quelhas da Costa, afirma que a ligação à Líbia permitirá “fazer triangulações para outros mercados de África” (JdN de hoje). Resta saber quais. A Líbia está no centro de uma zona de conflitos. Dos seus seis vizinhos, apenas um – a Tunísia – parece estar a salvo de conflitos internos. Os outros estão em guerra civil – Chade e Sudão – ou são um barril de pólvora sempre prestes a explodir – Níger, Egipto e Argélia. Por fim, o senhor Khadhafi que, ressuscitado por obra e graça de um Partido Republicano em vias de perder as próximas eleições nos Estados Unidos, é ele próprio um personagem imprevisível. O recente episódio em Lisboa, da sua segurança pessoal a cercar uma equipa da RTP, é disso exemplo. Por isso, infelizmente, não acredito na parceria.
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