Não pretendo afirmar que a ausência de sentimentos religiosos corresponda, em todas as pessoas, a uma ausência de moral. Há homens para quem a compreensão é fundamental e que necessitam de provas irrefutáveis. Estes homens meditam profundamente e estão a salvo de baixas tentações, pela exultação do estudo ou pelo hábito de pensar. São homens capazes de uma moral escrupulosa e irrepreensível.
Mas na turba dos homens vulgares, a ausência do sentimento religioso, não se devendo as tais causas, está associada as mais das vezes a um coração ríspido, a um espírito frívolo, a uma alma absorvida por interesses pequenos e ignóbeis e a uma imaginação estéril.
Não julgaria mal um homem iluminado que me apresentassem como alheado de qualquer sentimento religioso. Mas um povo incapaz de sentimentos religiosos pareceria, aos meus olhos, privado de uma faculdade preciosa e deserdado pela natureza.
Benjamin Constant: Principes de Politique, Hachette Littératures, Paris 1997, pag. 141.
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