17 dezembro 2007

legalizem-na

A violência das grandes cidades modernas tem origem, como é sabido, no tráfico de droga. A criminalização da actividade e a sua grande procura empurram-na necessariamente para gangs de criminosos, que crescem à medida que aumenta o seu consumo.Tratando-se de uma actividade ilegal e perigosa para quem a pratica, ela faz encarecer substancialmente o seu preço final, prejudica a qualidade dos produtos vendidos e entrega o seu comércio a marginais, empurrando também para a marginalidade os consumidores. Por outro lado, os elevados lucros que proporciona fazem com que muitas vezes se não distinga com exactidão quem está do lado de cá e do lado de lá da lei.

Há pouco mais de um mês, foram revelados os resultados das políticas norte-americanas de repressão ao tráfico e venda de droga em Nova Iorque. A primeira e mais destacada consequência foi o aumento substancial do preço de venda ao consumo. Mas o consumo não baixou e os criminosos não abandonaram a actividade. Apenas o preço subiu e, conhecendo-se o elevado grau de dependência que as drogas provocam, provavelmente aumentará a pequena criminalidade que a necessidade origina.

Por isso, a detenção hoje ocorrida dos presumíveis membros do «gang da Ribeira» é capaz de pôr um ponto final na violência recente das noites do Porto, mas não resolverá o problema principal. Mais tarde ou mais cedo, acontecimentos como esses repetir-se-ão, e a segurança nas ruas da cidade não vai melhorar. A diminuição substantiva da violência urbana terá que passar necessariamente pela legalização da droga – do consumo e do seu comércio -, e do desvio dos enormes fundos públicos gastos em repressão para a prevenção e para o tratamento.

Se querem acabar com a criminalidade ligada à droga, transformem-na numa actividade legal.

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