Em trinta e três anos de história, o Partido Social Democrata não respeitou senão dois líderes: Francisco Sá Carneiro, o fundador, e Aníbal Cavaco Silva, o domesticador. Quanto ao mais, as elites e as bases do partido laranja não toleraram ninguém: Magalhães Mota, Sousa Franco, Emídio Guerreiro, Francisco Pinto Balsemão, Rui Machete, Carlos Alberto Mota Pinto, Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Pedro Santana Lopes, Marques Mendes e, finalmente que a lista é longa, Luís Filipe Menezes. Sá Carneiro foi amado por ter sido o fundador e um homem carismático. Mas também foi odiado, e teve que se demitir da liderança para domar as «elites» de então e calar os conspiradores. Entre eles, o agora muito saudoso «sá-carneirista» Marcelo Rebelo de Sousa. Não tivesse morrido e quem sabe o que lhe teriam destinado após a reeleição de Eanes. Com Cavaco foi diferente. Vindo da mais profunda tradição da direita portuguesa que aspira por quem a trate como se fosse ininputável, Cavaco não respeitava politicamente ninguém. Nem as «bases», menos ainda as «elites», que desconsiderava. Mas, como é de tratos de polé que gosta a direita profunda, o partido rendeu-se-lhe por mais de duas décadas, até à consagração presidencial, à qual o dr. Cavaco chegou praticamente mudo e quedo perante um clamor saudosista. Tudo o mais foi precário e efémero. Mesmo Barroso, o «Delfim» do Professor, teve o caminho quase sempre minado, à cabeça, por Santana Lopes. Até à demissão de Guterres não faltou quem aventasse que o melhor caminho seria a mudança de líder.
Daqui resulta que o PSD, um partido que não sabe viver à margem do poder mas que pouco se aplica para o conquistar, só lá vai quando o PS fraqueja, ou quando tem um líder que o domestique e cative o eleitorado. Como estes são mais raros do que os cometas e não se antevê que lhe passe algum por perto, nos próximos anos (o último que foi ensaiado foi o cometa Borges), o PSD arrisca-se a desaparecer, dissolvido nas suas guerrilhas internas. Na verdade, parte significativa do seu eleitorado já marchou de armas e bagagens para o PS de Sócrates, donde parece não querer regressar. Crucificando Menezes e a base de poder autárquico que ele simboliza, e que é o que sobra do tecido sociológico do partido, e com mais quatro anos de maioria absoluta socialista, não haverá quem seja capaz de colar os cacos.
Daqui resulta que o PSD, um partido que não sabe viver à margem do poder mas que pouco se aplica para o conquistar, só lá vai quando o PS fraqueja, ou quando tem um líder que o domestique e cative o eleitorado. Como estes são mais raros do que os cometas e não se antevê que lhe passe algum por perto, nos próximos anos (o último que foi ensaiado foi o cometa Borges), o PSD arrisca-se a desaparecer, dissolvido nas suas guerrilhas internas. Na verdade, parte significativa do seu eleitorado já marchou de armas e bagagens para o PS de Sócrates, donde parece não querer regressar. Crucificando Menezes e a base de poder autárquico que ele simboliza, e que é o que sobra do tecido sociológico do partido, e com mais quatro anos de maioria absoluta socialista, não haverá quem seja capaz de colar os cacos.
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