Estava eu a escrever muito concentrado sobre a homossexualidade e os judeus, dois temas que normalmente despertam o interesse de alguns membros do blogue Atlântico, quando me dei conta que o blogue está em ebulição. Pelo menos um dos seus membros já anunciou a saída e esta situação de crise parece estar a ter repercussões pelo menos em outro blogue.
Tendo em conta que eu já passei por esta experiência, gostaria de dar um conselho aos bloggers que ponderam a sua saída do Atlântico e sabe-se lá se de outros blogues e, ao mesmo tempo, fazer uma revelação.
O conselho é o seguinte. Não abandonem o blogue somente porque um dos seus membros escreveu algumas boçalidades acerca de outro. Também já passei por isso, e não foi por causa das boçalidades de alguns colegas de blogue que eu saí do Blasfémias. Um homem não toma nunca atitudes drásticas para se proteger de outros homens. Um homem só toma atitudes drásticas para proteger as mulheres.
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Agora, a revelação. Eu saí do Blasfémias por causa da minha ex-colega Helena Matos e dos meus preconceitos em relação às mulheres. Tendo sido criado numa família coesa de quatro irmãos, todos rapazes, e onde a única mulher que existia na casa era a nossa mãe, eu fui educado no preconceito de que uma mulher, sendo um bem escasso aos meus olhos, era um bem precioso, e que nunca poderia ser mal tratada. O meu pai reforçou-me o preconceito pelo exemplo que dava no tratamento à única mulher da família.
Aconteceu então que, em certo dia do último mês de Abril, tendo eu publicado um post crítico sobre os judeus, a minha ex-colega Helena Matos - que dias antes tinha feito exactamente o mesmo -, enviou um mail a todos os membros do Blasfémias, ao qual eu também tive acesso, dizendo que não se sentia bem escrevendo ao lado de quem emitia tais opiniões acerca dos judeus, e deixando todos os membros do blogue perante a ameaça implícita de que ... ou ela ou eu. Ainda por cima a Helena era a única mulher do blogue.
Eu consigo aguentar uma infinidade de alarvidades vindas de alguns colegas de blogue e até me divirto com elas - e foi isso que fiz no Blasfémias. Os meus preconceitos não me permitem, porém, ver uma mulher incomodada ou triste por minha causa, e menos ainda ofendida. Por isso, eu saí do blogue. A Helena nunca me agradeceu.
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E eu julgo que a Helena me deveria ter agradecido porque, na sua ameaça, a Helena foi muito provavelmente condicionada pela persistente campanha que o blogue Atlântico me movia por esses dias (aqui, aqui e aqui) - e para cuja revista a Helena escreve -, e eu compreendo perfeitamente que as pessoas precisam, em primeiro lugar, de ganhar a vida, e só depois se podem dar ao luxo de tratarem com humanidade as outras pessoas, e serem coerentes com as suas próprias ideias.
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Quanto ao blogue Atlântico - no que respeita a alguns dos seus colaboradores, incluindo o director da revista Atlântico -, agora como nessa altura, fica o exemplo reiterado do seu liberalismo e a lição, sempre renovada, de que quem semeia ventos colhe tempestades. Na sua própria casa.
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