Uma das coisas que mais me inquieta na nova direita liberal é não conseguir entender o que pensa sobre algumas questões fundamentais dos nossos dias. Dou um exemplo, eventualmente, para mim, o mais significativo: a União Europeia. E explico: se há alguma coisa que se aproxime da ideia de liberdade económica e social nas últimas décadas da Europa, ela é exactamente a integração comunitária. Graças a ela, Portugal e os restantes países europeus, abandonaram o tradicional isolamento em que viveram secularmente, e criaram um gigantesco mercado de consumidores e de cidadãos, onde a circulação de pessoas, bens e serviços se faz praticamente sem qualquer limitação. Também devido à União, a tradicional soberania absoluta do Estado-Nação europeu tem vindo a esbater-se, já que passou a ter de contar com concorrência da soberania comunitária, assim como limite à sua expansão e como referência valorativa. Entre esses valores estão os da economia de mercado e a livre concorrência. É ainda importante realçar que as fronteiras internas desapareceram, que os cidadãos europeus podem eleger e ser eleitos nos órgãos de poder local, que o comércio circula livremente, e que a despesa pública nacional está controlada (embora já tenha estado mais) por limites impostos racionalmente. O euro é um êxito indesmentível, e nem mesmo a crítica da falta de concorrência monetária no espaço comunitário, fundamentada em Hayek, pode ser invocada, já que o euro é mais um cabaz de moedas que concorrem entre si, do que exactamente uma moeda única nacional. Em todos os casos, seriam sempre uma crítica injusta, já que o euro tem vindo a comprovar que é um meio de troca muito mais sólido do que os anteriores.
Ora, perante esta realidade, verdadeiramente impensável na Europa de há poucos anos, o que opinam os nossos liberais? Pouco ou nada, frequentemente coisas pouco fundamentadas, todas elas agitando fantasmas nacionalistas e estatistas, como os perigos de Schengen, a ameaça da «Constituição», os horrores do federalismo e do supranacionalismo jurídico do Tribunal de Justiça, etc. e tal. É pouco, muito pouco, e, sobretudo, não é nada liberal. Até porque, não se conhecendo, nem na história nem na teoria, uma terceira via para além daquilo que está e daquilo que era, os liberais não conseguem explicar-nos se preferem o presente ou se têm saudades do passado.
Ora, perante esta realidade, verdadeiramente impensável na Europa de há poucos anos, o que opinam os nossos liberais? Pouco ou nada, frequentemente coisas pouco fundamentadas, todas elas agitando fantasmas nacionalistas e estatistas, como os perigos de Schengen, a ameaça da «Constituição», os horrores do federalismo e do supranacionalismo jurídico do Tribunal de Justiça, etc. e tal. É pouco, muito pouco, e, sobretudo, não é nada liberal. Até porque, não se conhecendo, nem na história nem na teoria, uma terceira via para além daquilo que está e daquilo que era, os liberais não conseguem explicar-nos se preferem o presente ou se têm saudades do passado.
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