O Daniel Oliveira lançou-me aqui um desafio: ele quer que eu procure em todos os seus textos políticos a expressão «sionismo» e a denuncie se a encontrar, como, presumo, se de um insulto se tratasse. Eu leio o Daniel Oliveira com frequência, mas não me vejo a rever toda a sua vasta literatura para procurar tal coisa. Além do mais, se o Daniel Oliveira me assegura que nunca escreveu essa palavra ingrata, eu faço fé no que me diz, e daqui mesmo proclamo alto e bom som: O DANIEL OLIVEIRA NUNCA ESCREVEU A PALAVRA «SIONISMO».
Mas poderia tê-lo feito, sem que lhe caíssem os pergaminhos de homem de esquerda e tolerante. O «sionismo» não é coisa de outro mundo, mas somente um antigo movimento político e religioso da diáspora judaica, que pregava o regresso à «Terra Prometida», para a instituição de uma pátria, de um Estado, que pusesse termo ao seu desenraizamento milenar. Essa «Terra Prometido» era, como é ainda, por razões históricas e religiosas, uma boa parte da Palestina, para onde os judeus (os sionistas) começaram a acorrer em massa a partir de meados do século XIX.
E é aqui que eu acredito que as coisas se começam a complicar para o Daniel Oliveira. É que, apesar dele não desconsiderar os sionistas, é um crítico feroz do «Estado de Israel», salvaguardando, todavia, que fala do «Estado de Israel e apenas disso. Nada tem a ver nem com judeus nem sequer com sionistas», diz.
Ora, quanto aos sionistas, está visto que se enganou: o sionismo foi, como vimos, um movimento criado por judeus e para judeus, exactamente para fundar o Estado de Israel, para que nele pudessem viver. Se o resultado das suas intenções desagrada ao Daniel, não se vê como podem ser-lhe simpáticos os seus autores.
Por outro lado, também não me parece muito rigoroso que ele se salvaguarde dizendo que «quando alguém critica o Estado francês, o Estado inglês ou o Estado português não está a fazer apreciações sobre um povo». Não é verdade: o Estado, ensinam-no os manuais mais rudimentares, é a organização política de um povo, e eu sei que o Daniel acredita no «povo» e mais ainda no «Estado». Coisa distinta é, de facto, criticar o «governo francês», o «governo inglês», ou o «governo português». Mas, quando o Daniel e a generalidade da esquerda a que pertence, critica o «Estado de Israel» está, na verdade, a criticar o povo que nele habita. Tanto mais que, no caso concreto, as razões da crítica não se prendem com a actuação deste governo de Israel, ou do anterior, ou do que o precedeu. Ele é, em si mesmo, um problema com a fundação e a existência daquele Estado, que, segundo os seus adversários, não devia ter sido criado naquele lugar, nem lá deve permanecer.
Por isso e porque o Daniel me propôs um desafio, eu lanço-lhe aqui outro. Será ele capaz de me responder, sem equívocos nem meias palavras, se acha que o Estado de Israel tem, histórica e politicamente, ou não tem, uma existência legítima, naquele exacto lugar onde se encontra? Fico a aguardar.
Mas poderia tê-lo feito, sem que lhe caíssem os pergaminhos de homem de esquerda e tolerante. O «sionismo» não é coisa de outro mundo, mas somente um antigo movimento político e religioso da diáspora judaica, que pregava o regresso à «Terra Prometida», para a instituição de uma pátria, de um Estado, que pusesse termo ao seu desenraizamento milenar. Essa «Terra Prometido» era, como é ainda, por razões históricas e religiosas, uma boa parte da Palestina, para onde os judeus (os sionistas) começaram a acorrer em massa a partir de meados do século XIX.
E é aqui que eu acredito que as coisas se começam a complicar para o Daniel Oliveira. É que, apesar dele não desconsiderar os sionistas, é um crítico feroz do «Estado de Israel», salvaguardando, todavia, que fala do «Estado de Israel e apenas disso. Nada tem a ver nem com judeus nem sequer com sionistas», diz.
Ora, quanto aos sionistas, está visto que se enganou: o sionismo foi, como vimos, um movimento criado por judeus e para judeus, exactamente para fundar o Estado de Israel, para que nele pudessem viver. Se o resultado das suas intenções desagrada ao Daniel, não se vê como podem ser-lhe simpáticos os seus autores.
Por outro lado, também não me parece muito rigoroso que ele se salvaguarde dizendo que «quando alguém critica o Estado francês, o Estado inglês ou o Estado português não está a fazer apreciações sobre um povo». Não é verdade: o Estado, ensinam-no os manuais mais rudimentares, é a organização política de um povo, e eu sei que o Daniel acredita no «povo» e mais ainda no «Estado». Coisa distinta é, de facto, criticar o «governo francês», o «governo inglês», ou o «governo português». Mas, quando o Daniel e a generalidade da esquerda a que pertence, critica o «Estado de Israel» está, na verdade, a criticar o povo que nele habita. Tanto mais que, no caso concreto, as razões da crítica não se prendem com a actuação deste governo de Israel, ou do anterior, ou do que o precedeu. Ele é, em si mesmo, um problema com a fundação e a existência daquele Estado, que, segundo os seus adversários, não devia ter sido criado naquele lugar, nem lá deve permanecer.
Por isso e porque o Daniel me propôs um desafio, eu lanço-lhe aqui outro. Será ele capaz de me responder, sem equívocos nem meias palavras, se acha que o Estado de Israel tem, histórica e politicamente, ou não tem, uma existência legítima, naquele exacto lugar onde se encontra? Fico a aguardar.
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