A guerra do Iraque já custou ao Estado americano mais de 1.3 triliões de dólares, cerca de 10% do PIB americano. A guerra , bem como outras despesas do Governo americano durante a Administração Bush, tem sido paga, em grande parte, pondo o Banco Central - Federal Reserve System (Fed) - a emitir dólares.
À medida que o Governo paga aos seus prestadores de bens e serviços, as notas frescas saídas da máquina impressora acabam normalmente nas contas de depósitos destes últimos nos diferentes bancos comerciais.
O negócio dos bancos, na sua essência, consiste, em primeiro lugar, em receber depósitos dos seus clientes, e pelos quais pagam um juro. E, em seguida, pegar no dinheiros dos depósitos - excepto uma pequena parte que, segundo as legislações nacionais, normalmente não excede 5% e que é obrigatoriamente mantido como reservas - e emprestá-lo a uma taxa de juro ainda maior. É na diferença entre a taxa de juro que cobram pelos empréstimos e a taxa de juro que pagam pelos depósitos que os bancos cobrem as suas despesas de funcionamento e geram um lucro.
O aumento extrordinário da emissão de dólares por parte do Fed, sobretudo a partir de 2004, para financiar a guerra do Iraque e outras despesas da Administração, deu lugar, primeiro, a um aumento considerável dos depósitos junto do sistema bancário, e, em seguida, a um aumento considerável da necessidade por parte dos bancos de colocarem esse dinheiro rapidamente em empréstimos. Esta é uma necessidade absoluta, já que um banco que aceite depósitos e pague por eles um juro, sem que aplique imeditamente esse dinheiro em empréstimos a juro ainda maior acaba inevitavelmente na falência.
Quando os clientes de primeira qualidade para os empréstimos (prime borrowers) começaram a escassear, os bancos não tiveram outra solução senão conceder empréstimos a clientes de alto risco (subprime borrowers) - pessoas e instituições que, possuindo uma má história de crédito, tinham uma elevada probabilidade de nunca virem a pagar os empréstimos recebidos.
Seria agora apenas uma questão de tempo até que a profecia se cumprisse e os devedores duvidosos deixassem de pagar aos bancos os empréstimos que contrataram. Aconteceu este ano - em massa. Os bancos passaram a encaixar perdas consideráveis e estão agora a contrair severamente o crédito, ameaçando lançar os EUA primeiro e, por arrastamento, o resto do mundo, simultaneamente numa crise financeira e numa recessão económica.
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