O défice de transacções correntes dos EUA com o resto do mundo é de cerca de US$800 biliões. Agregando todos os outros países do mundo que possuem défices na sua Balança de Transacções Correntes (BTC), o défice americano é mais do dobro deste agregado. Ao ritmo actual, os EUA inundam em cada ano os outros países do mundo com um montante adicional de dólares ($800 bl) que corresponde ao PIB da 10ª maior economia do mundo - a India.
Um país, como os EUA, que emite uma moeda que serve de reserva internacional pode arrogar-se o privilégio de incorrer num défice de transacções correntes permanente - e é isso que os EUA têm feito. Uma parte das compras que os americanos fazem ao estrangeiro e dos dólares que enviam para pagamento, não voltam aos EUA sob a forma de aquisições de bens e serviços americanos, mas ficam retidos nos países de destino, ou são investidos em activos financeiros nos EUA (depósitos bancários, acções, títulos da dívida pública americana, etc), como reservas. Em certo sentido, este é um pagamento que o resto do mundo faz aos EUA pela confiança que este lhe fornece.
As relações de confiança são minadas pelo abuso - e abuso é o que os EUA têm vindo a cometer nos últimos anos. Existe uma norma para a relação de confiança referida. Sabendo que a economia mundial cresce, em média, ao ritmo de 3% ao ano, não podem os EUA lançar anualmente no mundo dólares a uma taxa que exceda as exigências de reservas por parte dos outros países sem, com isso, minarem a relação de confiança estabelecida e a credibilidade do dólar.
Porém, é isso que os EUA têm vindo a fazer. Nos últimos oito anos, o défice de transacções correntes americano tem crescido a uma taxa média de 22.5% ao ano, praticamente duplicando em cada três anos. E se esta taxa excede francamente a norma de 3%, ela torna-se ainda mais excessiva quando é certo que neste período foi ganhando credibilidade no mundo uma outra moeda - o euro - que passou a competir com o dólar na situação de moeda de reserva internacional.
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