Marques Mendes perdeu o PSD por dentro e não exactamente por contraponto com José Sócrates. Durante dois anos e meio, Mendes não se impôs como líder do partido e aparentou sempre não passar de um halograma do baronato: de Marcelo e das suas prédicas dominicais a marcarem o andamento e o compasso da dança; de João Jardim e dos seus interesses regionais, que o tratou sem respeito, enfiando-o debaixo do braço e gozando descaradamente com a sua estatura perante as câmaras da televisão; e de, obviamente, Aníbal Cavaco Silva e dos cavaquistas.
Diga-se, aliás, que Cavaco é o grande problema da direita portuguesa, ainda desde os tempos em que fazia parte do governo de Sá Carneiro, onde já se dizia que ele, como grande homem das finanças que era (a lembrar o doutor Salazar...), é que seria o futuro do partido. Porque, sendo um homem de esquerda, ocupou por mais de dez anos a chefia do principal partido da direita e descaracterizou-o ideologicamente. Porque reforçou o paradigma do líder autoritário, de que a direita indígena nunca se conseguiu libertar. Porque continua a reclamar uma quota do partido como propriedade sua, ao ponto de ter intervindo fatalmente na liderança de Santana Lopes (que nunca considerou e passou a execrar desde que ele se demitiu do seu governo, com estrondo e entrevista a «O Independente») e, ao que parece, ter enviado (ou, pelo menos, permitido a colaboração, o que é a mesma coisa) homens seus para a campanha de Mendes. Porque estabeleceu uma «descendência» na liderança do partido, considerando verdadeiros usurpadores todos os que saiam da sua linha sucessória.
Até hoje, ao contrário do que aconteceu no Partido Socialista, onde Sócrates dizimou com requintes de malvadez os restos sobreviventes do soarismo, no PSD perdura a sombra dominante de Cavaco. Fernando Nogueira, embora amuado com os ciúmes do chefe, não se demarcou dele nem teve tempo para o fazer. Marcelo achou muito inteligente manter a fera nas proximidades e nunca entendeu que foi ela quem lhe deu a dentada fatal. Marcelo não era – nunca foi – das simpatias do professor e só tacticamente foi apoiado pelos cavaquistas. Durão era o delfim. Teria, é certo, assassinado o «pai» se por cá se tivesse deixado estar mais tempo, mas não foi necessário. Santana é, no fim de contas, um rapaz simples e educado, que nunca ultrapassou o trauma de não ter sido ministro do professor. Foi-lhe respeitador e o professor arrumou-o com a belíssima alegoria das «moedas boa e má». Mendes manteve-se sempre respeitador e obrigado de S. Exª. Continuaria a coser em lume brando, até chegar a sua hora de ser substituído por um «verdadeiro homem de Estado». Talvez por Paulo Teixeira Pinto, ou por qualquer outro António Borges mais atrevido, quem sabe? Enquanto o PSD não se libertar de Cavaco, nunca conquistará o país por mérito próprio, nem configurará um projecto político e de governo de direita.
Com Menezes, a coisa pode ser mais animada: quando a drª Teixeira da Cruz anunciava a deserção das «elites» numa eventual vitória do homem de Gaia, era dos restos do cavaquismo que falava. Oxalá tenha tido razão.
Diga-se, aliás, que Cavaco é o grande problema da direita portuguesa, ainda desde os tempos em que fazia parte do governo de Sá Carneiro, onde já se dizia que ele, como grande homem das finanças que era (a lembrar o doutor Salazar...), é que seria o futuro do partido. Porque, sendo um homem de esquerda, ocupou por mais de dez anos a chefia do principal partido da direita e descaracterizou-o ideologicamente. Porque reforçou o paradigma do líder autoritário, de que a direita indígena nunca se conseguiu libertar. Porque continua a reclamar uma quota do partido como propriedade sua, ao ponto de ter intervindo fatalmente na liderança de Santana Lopes (que nunca considerou e passou a execrar desde que ele se demitiu do seu governo, com estrondo e entrevista a «O Independente») e, ao que parece, ter enviado (ou, pelo menos, permitido a colaboração, o que é a mesma coisa) homens seus para a campanha de Mendes. Porque estabeleceu uma «descendência» na liderança do partido, considerando verdadeiros usurpadores todos os que saiam da sua linha sucessória.
Até hoje, ao contrário do que aconteceu no Partido Socialista, onde Sócrates dizimou com requintes de malvadez os restos sobreviventes do soarismo, no PSD perdura a sombra dominante de Cavaco. Fernando Nogueira, embora amuado com os ciúmes do chefe, não se demarcou dele nem teve tempo para o fazer. Marcelo achou muito inteligente manter a fera nas proximidades e nunca entendeu que foi ela quem lhe deu a dentada fatal. Marcelo não era – nunca foi – das simpatias do professor e só tacticamente foi apoiado pelos cavaquistas. Durão era o delfim. Teria, é certo, assassinado o «pai» se por cá se tivesse deixado estar mais tempo, mas não foi necessário. Santana é, no fim de contas, um rapaz simples e educado, que nunca ultrapassou o trauma de não ter sido ministro do professor. Foi-lhe respeitador e o professor arrumou-o com a belíssima alegoria das «moedas boa e má». Mendes manteve-se sempre respeitador e obrigado de S. Exª. Continuaria a coser em lume brando, até chegar a sua hora de ser substituído por um «verdadeiro homem de Estado». Talvez por Paulo Teixeira Pinto, ou por qualquer outro António Borges mais atrevido, quem sabe? Enquanto o PSD não se libertar de Cavaco, nunca conquistará o país por mérito próprio, nem configurará um projecto político e de governo de direita.
Com Menezes, a coisa pode ser mais animada: quando a drª Teixeira da Cruz anunciava a deserção das «elites» numa eventual vitória do homem de Gaia, era dos restos do cavaquismo que falava. Oxalá tenha tido razão.
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