Eu nunca tive um apreço intelectual particular por qualquer Papa moderno. Tenho-o por Bento XVI, talvez por partilhar com ele um gosto - o gosto pela discussão das ideias. Ele é o intelectual católico por excelência - o intelectual sempre pronto, mesmo que seja sozinho, a meter-se no meio da multidão e a desfazer consensos. (A destruição de consensos é a condição essencial da liberdade humana).
A crítica do Papa Bento XVI à sociedade moderna é muito semelhante à crítica straussiana, que eu também partilho. Mas enquanto os straussianos acham que o assunto se resolve manobrando por detrás das cortinas - bem ao estilo da filosofia judaica - o Papa possui, pelo contrário, uma enorme confiança na sua capacidade, e na da instituição a que preside, para repôr na sociedade ocidental os valores que lhe são próprios. O Papa considera que, depois de dois séculos de enorme adversidade, o século XXI será de novo um século da Igreja Católica. Eu também acho.
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