24 outubro 2007

não pode dizer

Se eu tivesse de escolher o comportamento que mais corrói a democracia entre um povo de tradição católica, não hesitaria na resposta - a liberdade de expressão.

Os povos de cultura católica associam frequentemente a democracia à liberdade de expressão, e tendem a praticar esta forma de liberdade até ao extremo, permitindo-se dizer, literalmente, tudo aquilo que lhes vem à cabeça. Quando praticada assim, esta é a mais destruidora das liberdades no seio de uma democracia católica. Destrói a autoridade, destrói as instituições e, por fim, destrói a própria democracia.

Todas as sociedades necessitam de limites à liberdade de expressão e as democracias católicas, se desejam prosperar, necessitam deles especialmente (cf. o caso da Irlanda). Em relação aos homens que ocupam posições institucionais, esses limites são ainda mais apertados. Na realidade, os pecados que o PGR cometeu na sua entrevista ao Sol, e a que me refiro em posts anteriores, são todos o resultado dos excessos da liberdade de expressão. Há coisas que um homem pode pensar mas que não pode dizer - certamente que não quando ocupa posições institucionais.

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