06 outubro 2007

há excepções


Provavelmente, uma das facetas onde mais acentuadamente se revela a nossa falta de cultura democrática é a tendência que, em Portugal, as pessoas possuem para se perpetuar no poder - uma tendência só contrariada pela existência de algumas leis que põem um limite temporal ao exercício de certos cargos.

E eu não me refiro apenas a posições de poder na governação. Refiro-me também - e talvez ainda mais, porque aí não existem limites temporais impostos por lei - a posições de poder como são aquelas que permitem, através da comunicação social, influenciar a opinião pública. Esta tendência para exercer o poder de forma vitalícia é certamente uma herança da nossa cultura monárquica - onde o rei é investido para a vida - e da nossa cultura católica - onde o mesmo acontece com o Papa.

Pelo contrário, um dos pilares de uma genuína cultura democrática é a ideia de que a contribuição que um homem, ou grupo de homens, pode dar à sociedade é finita e se esgota ao fim de um certo número de anos, sendo benéfico, então, que venham outros homens que dêem novas contribuições. Em Portugal, porém, a tendência para o apego ao poder, não apenas impede a renovação das ideias e das instituições, como leva as pessoas que a ele se apegaram, quando se sentem ameaçadas, a reagirem de forma desajeitada, senão mesmo, às vezes, violenta. É claro que eu sei que há excepções que poderiam servir de exemplo.

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