As trocas recentes que eu tenho mantido aqui com o meu ex-colega JCD podem fazer parecer ao leitor desprevenido a existência de inimizade pessoal. Não é esse o caso. Por isso, eu gostaria de ser o primeiro a dar notícia da merecida reportagem que a revista Focus desta semana consagra à blogosfera de natureza política e onde o JCD, também com mérito, aparece como um dos rostos principais - senão mesmo o principal.
A reportagem, sob o título Blogues de combate, é consagrada aos blogues políticos e nela são mencionados os blogues de maior audiência nesta área, como o 31 da Armada, o Arrastão e o Blasfémias - provavelmente, com excepção do Abrupto, o mais popular de entre todos. É também dado destaque aos principais bloggers políticos como o Paulo Querido, o Rodrigo Moita de Deus, o Daniel Oliveira e o Vítor Dias. Pelo Blasfémias, são entrevistados o JCD e a Helena Matos.
A minha opinião é a de que o Blasfémias - que é o blogue que eu conheço melhor - sai bem representado na reportagem, talvez mesmo como o mais importante dentre todos os blogues que são retratados - e isso corresponde à realidade. A Helena Matos e o JCD salientam o carácter político do blogue, percebe-se a sua propensão liberal e de oposição ao governo, enfatiza-se o debate, a discordância, o imediatismo e até um certo carácter subterrâneo como as principais vantagens da blogosfera face aos meios convencionais de comunicação política. Na opinião de ambos, a blogosfera é o poder que controla o quarto poder.
A Helena Matos e o JCD poderiam, porém, ter salientado, talvez, o carácter predominantemente nortenho e regionalista do blogue - o qual representa uma das suas imagens de marca distintivas -, tanto mais que, precisamente com as excepções deles próprios, todos os membros do blogue são do Porto e regionalistas convictos.
Por outro lado, quando o JCD se refere aos seus colegas de blogue, para ilustrar o pluralismo existente, destaca o João Miranda e o CAA. A respeito do primeiro diz que "O João Miranda é católico praticante" e, referindo-se ao CAA, afirma que "(O) Carlos Amorim é um mata-frades", acrescentando logo a seguir: "Ele dá-se ao trabalho de ir buscar histórias ao Burkina Faso". Extremando assim a caracterização quer do João Miranda quer do CAA , e marginalizando-os desta forma, o JCD e a Helena Matos emergem da entrevista como sendo as figuras centrais do Blasfémias, - e isso parece-me francamente exagerado.
No balanço, porém, O Blasfémias acaba por saír francamente bem tanto mais que a reportagem é encimada por uma grande fotografia do JCD, acerca da qual eu gostaria de exprimir duas palavras. Nesta minha procura de caracterização da cultura católica em relação à cultura protestante, um dos meus pontos de interesse tem sido o de caracterizar o homem de tradição católica, não apenas espiritualmente, mas também fisicamente.
Na entrevista do sábado passado do PGR ao Sol, em que ele aparece na capa da revista, pareceu-me ver ali a fisionomia e a atitude do homem típico da tradição católica, às vezes também identificada pelo seu carácter latino. Voltei a ter o mesmo sentimento ao observar a fotografia do JCD na Focus. Ao contemplar aquele olhar lateral e de cima para baixo, as sobrancelhas ligeiramente descaídas, a atitude corporal e das mãos, o aspecto bem vestido mas com um certo ar nonchalant, observável naquele fato elegante posto em cima de uma camisa de colarinho aberto, eu não pude deixar de murmurar para comigo próprio: "Aqui está o homem típico da tradição católica, o macho latino, o matador argentino, o fodilhão das pampas".
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