Quando a autoridade pessoalizada que acompanha a liberdade católica é substituída ao nível do Estado pela autoridade impessoal, própria da cultura protestante, a prazo, o sentimento que se instala é o de que todos os que podem se aproveitam, e ninguém põe cobro à situação - isto é, não há autoridade.
Em seguida, caem na sociedade, uma a uma, todas as autoridades pessoalizadas, igualmente acompanhadas de um sentimento de crise. Cai a autoridade do professor e gera-se o sentimento de crise na educação; cai a autoridade do padre a cria-se o sentimento de crise na moral; cai a autoridade do pai e da mãe e surge o sentimento de crise na família; cai a autoridade do polícia e gera-se o sentimento de crise na segurança.
À medida que estas autoridades pessoalizadas são substituídas pelas autoridades impessoais e os seus processos impessoais - a burocracia do ministério que diz aos professores como é que eles hão ensinar e o que hão-de ensinar; a política que produz uma nova moralidade, às vezes de carácter coercivo; a lei que especifica os direitos dos filhos e diz aos pais como é que eles os hão-de educar; as escutas telefónicas, os radares e as videovigilâncias que são agora supostos proteger os cidadãos - o homem da tradição católica acaba por se indignar e revoltar porque lhe estão a entrar porta dentro na esfera da sua privacidade e liberdade individual.
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