Portugal libertou-se do jugo de Castela constituindo um estado. Os EUA libertaram-se do jugo da Grâ-Bretanha constituindo um estado e o Canadá escapou ao jugo dos vizinhos americanos constituindo um estado; os judeus viram no estado de Israel um símbolo da sua liberdade. E a queda da União Soviética viu multiplicar-se a formação de estados que representaram outras tantas manifestações de liberdade por parte das nações que durante meio século estiveram sujeitas ao seu domínio.
O estado foi sempre e em todos os lugares um símbolo de liberdade nacional face às ameaças de domínio estrangeiro. E, no domínio interno, nas suas funções de administração da ordem pública e da justiça - quando ele desempenhou bem estas funções - o estado foi o garante da liberdade dos mais fracos contra os abusos e as prepotências dos mais fortes.
Na esfera económica, mesmo se o estado não é uma instituição vocacionada para esta área, ele realizou frequentemente projectos que a iniciativa privada nunca teria realizado nas mesmas condições, e muitos países devem o seu grau de desenvolvimento económico e social à acção decisiva do Estado na esfera económica e social. O período áureo da nossa história foi liderado pelo estado e o grau de desenvolvimento de certos países, como o Canadá e a Austrália, nunca teria sido atingido sem a liderança firme do estado.
Eu não tenho, por isso, consideração por aquela linha de argumentação que vê no estado, e no crescimento do estado, a origem de todos os males na sociedade. Como ilustrei em post anterior, os países mais desenvolvidos do mundo, que são os países do norte da Europa e da América do Norte, são também os países que possuem os estados de maior dimensão. O verdadeiro problema está na cultura das pessoas que servem o Estado e como estas, em regime democrático, emergem espontaneamente da própria sociedade, o problema do estado - nos países em que o estado é problema - está, em última instância, na cultura prevalecente na sociedade.
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