06 setembro 2007

Ninguém haverá de negar

"Ninguém haverá de negar, creio eu, que os dois objetivos principais da colonização portuguesa em terras americanas foram 1) extrair rápida e vorazmente tudo o que fosse possível extrair, com a imediata remessa para o Reino; 2) converter a sociedade colonial brasileira num imenso Portugal - Oh, tragédia! Oh desgraça! Vocês conseguiram!!...

Devo dizer que os senhores portugas foram muitíssimo felizes na vossa obra amarga de colonizadores incansáveis, sedentos de riqueza, corruptos até à medula dos ossos, babantes de líbido por índias e negras, chafurdados numa burocracia medonha e irresponsável, sob os olhares estupidificados de casas reais taradas e parvas, tudo isso sob a benção de um catolicismo degenerado pelo jesuitismo, atrasado, fanático e ignorante. Bela obra da história portuguesa é o Brasil!...


Tudo o que Portugal tinha de envenenado e imundo em suas entranhas nos foi bondosamente escarrado na cara, a bela Terra de Santa Cruz sendo violentada sem complacência século após século, 400 anos, até que, enfim!!, oxalá!!,viva!!, encontramos a "indempedência" feita por...portugas!!! Como se diz aqui no Brasil, ninguém merece!!...

E seguimos nossa trajetória de nação "livre", agora sob a monarquia da Casa de Bragança. Caramba! Os Bragança? É isto mesmo, nos tornamos "independentes" dando continuação à dinastia dos portugas. Foram sessenta e tantos anos de monarquia no Brasil, o tal do Império do Brasil, estéril, vegetativo, amargo, escravocrata, podre, tendo o catolicismo romano como "religião oficial do estado", mas um povo crente totalmente supersticioso, fanatizado, bestializado nos ritos de uma religião mecânica e autoritária.

Enquanto isso, a quantas ia Portugal século XIX adentro? Tudo o que foi roubado do Brasil acabou em mãos da pérvida Álbion - bem feito! -, e não é à toa que aqui no Brasil temos proverbiais anedotas sobre a burrice lusitana...Vosso país seguia atrasado, entorpecido, fanatizado pelo catolicismo ibérico. No Brasil, seguimos nossa vidinha de água de poçoa até que...surge a república, logo copiada por vocês portugas, talvez caso único no mundo em que antiga potência colonial se mete a copiar os disparates de antiga colônia.


E vamos nós república adentro, de sobressalto em sobressalto, de atraso em atraso, de ditadura em ditadura, de palermice em palermice, até chegarmos ao ponto em nos encontramos hoje, na condição de um dos povos mais burros da face do planeta, governado por um presidente semi-analfabeto que se orgulha de ser justamente semi-analfabeto. Eis aí, a grande obra da história de Portugal!! É o mesmo em África, é o mesmo em Ásia, é o mesmo em toda parte onde Portugal meteu os pés, somente um retrato de atraso, de ignorância, de corrupção, de hábitos sociais lamentáveis e putrefatos.


E se ainda estamos cá a revirar o passado, aqui no Brasil como aí em Portugal, como percebo da leitura deste blog, é porque não encontramos ainda o caminho de nos governarmos a nós mesmos, sem tutores, sem homens providenciais, sem D. Sebastião, sem Salazar, sem Pedro II, sem Getúlio Vargas, sem o Sócrates daí e sem o "Sócrates" daqui (só sei que nada sei...). Por favor, encaremos a realidade: nossa história comum é um enredo de vilipêndio e degenerescência sem par, de covardia e estupidez, de ignorância e fanatismo, de pobreza e de atraso. E não foi por falta de ditaduras, porque as temos tido à larga aqui no Brasil.


Não se me tenha à conta de niilista, de revoltado, de socialista ou de revolucionário. Entendam-me apenas como um liberal latino-americano que, aceitando nossa formação histórica e a estrutura social dela resultante, sem pretender fazer tabula rasa da História ou querer reviver tristezas do passado, entende que a herança cultural luso-brasileira é a matéria-prima sim, sobre a qual devemos trabalhar a construção institucional, o progresso material e a democracia, não sendo absolutamente necessário, por outro pólo, que ajuntemos aos nossos erros e besteiras do passado o sacrifício definitivo da liberdade, e nem acorrentemos nosso destino a determinismos culturais que nada mais são que ideologias, e toda ideologia, como bem notou Jean-François Revel, é uma aberração.


O caminho está, penso eu, tanto para brazucas quanto para portugas, na educação liberal, na construção de uma sociedade que compreenda o liberalismo e adquira o gosto por se governar a si mesma, enfim, na adoção do único modelo socio-político e econômico que até hoje, sabe-se porque cargas d'água, não tivemos a ventura de experimentar."

Luis Gustavo
Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil.
(comentário ao post eu confesso grande medo)

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