22 setembro 2007

estátuas

O que terá levado o Expresso em Agosto a fazer uma grande entrevista ao Director-Geral dos Impostos, mês e meio antes de ele abandonar o cargo - na realidade, uma grandiosa entrevista que se prolongou por dois números do jornal?

No primeiro, teve o destaque principal da primeira página, e ocupou duas das suas grandes páginas inteiras. A entrevista continuou na semana seguinte, desta vez na revista, e ocupando várias páginas. A ideia que ficava da entrevista foi a de que o Director-Geral dos Impostos era assim uma espécie de Marquês de Pombal da fiscalidade, com todas as qualidades do Marquês, mas sem qualquer dos seus defeitos.

Na história de Portugal, o Marquês de Pombal é tido como o primeiro governante da era moderna, o homem que modernizou o país, lançando-o na senda do progresso, da ciência, da abertura de espírito e da modernidade. Para o fazer, ele não olhou a meios, perseguiu pessoas, passou por cima das leis, fez aprovar pelo rei outras tantas à medida dos seus desígnios, confiscou bens, mandou matar milhares de pessoas e quando, finalmente, foi julgado pelos crimes que cometeu, vitimizou-se. Ele não tinha feito mal nenhum, apenas executou as ordens do rei, o qual, entretanto, já estava morto.
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Por uma certa ironia da história, as gerações vindouras de portugueses - embora numa altura em que ainda não existia o Expresso - retribuiram-lhe, erigindo-lhe estátuas nos centros das principais cidades do país.

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