
A ideia é simples e muito antiga, e funda-se na utopia platónica do «governo dos sábios»: o mal não está na polis, mas em quem a governa. Segundo este velho preconceito, o governo não pode ser confiado a qualquer um, como, também, o exercício do poder não se pode justificar por si mesmo, devendo fundar-se em valores metapolíticos, isto é, na moral. Como, graças ao sufrágio universal, qualquer um pode aspirar ao ius honorum, daí nascem, de acordo com esses conservadores, os maus governos. Estivessem eles nas mãos das pessoas certas, e tudo seria diferente.
Está claro que estes conservadores leram mal, ou não leram, alguns autores que tinham obrigação de conhecer melhor. Principalmente Maquiavel, Schmitt e Freund. Estes autores, que eles costumam usar com critério selectivo, explicam que o domínio da política não é definitivamente o da moral, e que não se deve ser muito optimista em relação a quem nos governa.
É, também, por estas razões, para evitar desilusões e transtornos com a soberania, que os liberais recomendam um Estado mínimo e um governo funcionalmente reduzido. Vale a pena, a esse propósito, ler o que Popper escreveu. Fica aqui a sugestão.
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