O Bruno Alves tem razão: o PS histórico não estimava as companhias à sua esquerda, concretamente a do PCP, com quem fez uma aliança táctica e circunstancial na Câmara de Lisboa, que recusou transpor para o governo. Só que nem este PS é o partido histórico de Mário Soares que Guterres ainda herdou, nem o Bloco de Esquerda é o Partido Comunista do passado. O partido de Sócrates é pragmático e centrista. Apercebeu-se que pode crescer à sua direita, onde tem muito mais espaço para crescer, dadas as confrangedoras debilidades do PSD e do PP. Por isso mesmo é que pessoas como José Miguel Júdice e Maria José Nogueira Pinto se «revêem» no novo bloco central do regime. Já quanto ao Bloco, ele representa uma esquerda chique e perfumada, sem o odor operário e soviético do partido de Cunhal. Garante, por um lado, o espaço eleitoral à esquerda do PS que poderá desacreditar na governação, permite que o PS mantenha um estilo e um discurso mais vocacionado para captar votos à sua direita, e não criará excessivos obstáculos numa futura governação. No fim de contas, o Bloco sabe que para dar o salto da maioridade política necessita de ser poder, enquanto que o PS fará quase tudo para o manter. Como dizia, a respeito destas e doutras coisas, o saudoso Engº Guterres, «é a vida!».
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