06 agosto 2007

sociedade civil

Os liberais suportam boa parte da sua análise política e social na necessidade de esvaziamento do Estado em benefício da liberdade individual. Isso pressupõe a preferência da chamada «sociedade civil» em relação à «sociedade política», e a convicção da superioridade das capacidades da primeira sobre as da segunda. Em resultado do que os liberais são críticos acérrimos do comportamento e das instituições do Estado, alegando, em todas as circunstâncias, que a iniciativa privada, isto é, a liberdade individual não condicionada, faria sempre melhor.

Por isso é exasperante o que se tem passado no BCP. Dificilmente é concebível um espectáculo mais grotesco e desnecessário do que aquele a que temos vindo a assistir nos últimos meses nesse banco. Um projecto empresarial fortíssimo, um case study de sucesso português, uma sucessão dinástica que tinha todas as razões para ser tranquila, o suporte da Igreja Católica através de uma das suas mais fortes facções – a Opus Dei – e, vai se a ver, no fim de tudo, uma sarrafulhada indigna da mais miserável secção partidária local em tempo de escolha da lista de deputados.

Hoje, o banco terá a oportunidade, provavelmente a última, para se redimir e reconquistar a confiança do mercado. Se isso não vier a suceder, como é muito provável, não se diga depois que a culpa foi do Estado.

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