Quem disse que o tema não é fundamental?
Como é que Husserl concebe a consciência?
Dantes pensava-se que a consciência se excitava em contacto com o objecto e se reabilitava tomando “consciência”. Um “entendimento” que pressupõe uma espécie de dualismo corpo-alma, misterioso (ou quase mecânico, como em Descartes), mas cheio de equívocos.
Ora Husserl não se põe numa atitude dualista mas numa atitude tipicamente unitária.
A consciência não está adormecida, nem é a tábua rasa de Hume. Muito menos o white-paper de Locke. É um jacto de luz, só que a luz é invisível, daí que só se possa ver em contacto com os objectos. A consciência para Husserl é um jacto de intencionalidade que com os objectos ganha corpo.
Será que ainda não nos apercebemos de que a filosofia não é uma ciência preponderantemente racional mas intuitiva?
É verdade que o racionalismo na filosofia teve um arranque interessante com Descartes mas, como vimos em post anterior, acabou por levar a grandes sofismas (ou produtos falsos).
Para o tirolês Edmund Husserl, a razão não serve para ver. A razão não nos mostra nada, tão-só ajuda a que o entendimento (o “eu”) possa ver, se possa colocar numa atitude de poder ver.
Para Husserl como que se intuiciona a partir de dentro, mas não será isto uma fantasia?
Husserl falava em relação a Deus numa prova a-confessional. Intui-se Deus por implicação. Era como atingir Deus sem o auxílio de Deus, sem uma fé teológica, mas com uma fé filosófica ou uma intuição categorial.
Aqui distingue-se de Heidegger que, ao contrário de Husserl, admite a fé teológica mas rejeita a fé filosófica.
Sem comentários:
Enviar um comentário