30 agosto 2007

Recobrar a consciência



Quem disse que o tema não é fundamental?



Como é que Husserl concebe a consciência?



Dantes pensava-se que a consciência se excitava em contacto com o objecto e se reabilitava tomando “consciência”. Um “entendimento” que pressupõe uma espécie de dualismo corpo-alma, misterioso (ou quase mecânico, como em Descartes), mas cheio de equívocos.


Ora Husserl não se põe numa atitude dualista mas numa atitude tipicamente unitária.


A consciência não está adormecida, nem é a tábua rasa de Hume. Muito menos o white-paper de Locke. É um jacto de luz, só que a luz é invisível, daí que só se possa ver em contacto com os objectos. A consciência para Husserl é um jacto de intencionalidade que com os objectos ganha corpo.

Será que ainda não nos apercebemos de que a filosofia não é uma ciência preponderantemente racional mas intuitiva?

É verdade que o racionalismo na filosofia teve um arranque interessante com Descartes mas, como vimos em post anterior, acabou por levar a grandes sofismas (ou produtos falsos).

Para o tirolês Edmund Husserl, a razão não serve para ver. A razão não nos mostra nada, tão-só ajuda a que o entendimento (o “eu”) possa ver, se possa colocar numa atitude de poder ver.

Para Husserl como que se intuiciona a partir de dentro, mas não será isto uma fantasia?

Husserl falava em relação a Deus numa prova a-confessional. Intui-se Deus por implicação. Era como atingir Deus sem o auxílio de Deus, sem uma fé teológica, mas com uma fé filosófica ou uma intuição categorial.

Aqui distingue-se de Heidegger que, ao contrário de Husserl, admite a fé teológica mas rejeita a fé filosófica.

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