01 agosto 2007

da vida das plantas

Nos sistemas democráticos as lideranças políticas, leia-se, as lideranças partidárias, resultam da expectativa dos aparelhos em obterem benefícios para si e para os seus elementos mais eminentes. Obviamente que o objectivo último é sempre a conquista do aparelho de Estado e a sua sequente manutenção na orla do partido e nas mãos dos seus dirigentes. Não é necessário explicar porquê. Mas, nos momentos críticos, naqueles em que o poder está distante ou menos próximo, o instinto de conservação dos aparelhos partidários (uma espécie como outra qualquer) leva-os a prolongarem artificialmente a vida dos líderes, mesmo para além de qualquer expectativa de, com ele, alcançarem o poder. Aqui, a razão é a da própria sobrevivência do aparelho, consciente que ele está de que um novo líder conduziria à substituição quase completa do pessoal dirigente por outro da sua confiança. No entretanto, o aparelho tratará de encontrar quem substitua o líder provisório por alguém com maior probabilidade de sucesso eleitoral.

O PSD, partido com vocação genética para o poder e com um aparelho extenso e complexo, agiu sempre assim nos seus momentos mais críticos: com Balsemão e Mota Pinto após a morte de Sá Carneiro, enquanto aguardava por Cavaco; com Fernando Nogueira e Marcelo Rebelo de Sousa, enquanto esperava por Durão Barroso; agora, com Marques Mendes, à espera de alguém que o catapulte, de novo, para o aparelho de Estado. Não se trata, pois, de qualquer ligação emocional, mais ou menos forte, com o líder ou com os seus putativos substitutos. Trata-se somente de conservar o poder do aparelho e ficar a aguardar por dias melhores.

Sem comentários: