01 agosto 2007

Cidade d´Ouro ou de taxa de acesso?




Mão amiga fez-me chegar a última novidade do concelho onde vive, e que tem por lema “Gaia Cidade d`Ouro”: a introdução da taxa de acesso de veículos. Julgo ser o mesmo concelho de um senhor que se candidata à liderança do PSD.
É incrível a capacidade de que os governantes dão mostras quando se trata de abusar do seu poder para esfolar o cidadão, a quem quase nada garantem … e a quem constantemente sacam sem dó nem piedade … e, ainda por cima, sem contrapartidas que se vejam.
A circulação rodoviária é a maior mina de receitas destes senhores. Mas a imaginação dos aflitos não tem limites. Um dia ainda vamos acabar a pagar por entrar ou sair do veículo, tossir dentro do dito e, quem sabe, até por respirar nele.
O Estado fiscal não tem limites, a caça à multa e as rusgas da ASAE são o seu último grito...
Dantes tínhamos as contra-ordenações, agora até já há processos contra e-mails, como parece ser o caso da apresentação, já aqui referida por Rui A., de uma queixa-crime por injúrias, ainda que a título individual, feita por Paulo Macedo contra o meu amigo Pedro Arroja. É caso para dizer que já nem os mais arrojados polemistas escapam aos partidários do Estado.
Bem dizia o outro que o perigo da tirania há que esperá-lo menos do lado dos sádicos do que dos partidários do Estado que tanto nos querem.
Seria interessante comparar os níveis de serviços prestados e de civilização quando os gastos do Estado – como acontecia no início do século XX - andavam à volta de 10% do PIB com a situação que foi sendo criada à medida que se foi caminhando para o fim do século, com os gastos em alguns países europeus a chegaram a mais de 50% do PIB.
Talvez, por isso, não se possa estranhar que até um povo tão dócil como os suecos tivesse acabado por encontrar refúgio no mercado negro e na evasão fiscal, a ponto de o insuspeito Gunnar Myrdal, guru da social-democracia sueca, se ter queixado de que “o sistema fiscal actual transforma 90% dos suecos em delinquentes”.
Será que é para onde queremos caminhar …?

P.S. - Acrescento que aquando do pagamento da dita taxa de acesso na junta de freguesia, o freguês deverá fazer-se acompanhar do número do contribuinte, bem como do respectivo ofício.

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