As «elites» do PSD nunca gostaram de Francisco Sá Carneiro. Achavam-no intratável, instável, pouco institucional, sem a gravitas necessária às altas funções do governo e desrespeitador do senhor Presidente da República, o circunspecto General António Ramalho Eanes. Em suma, como hoje se diria, um populista.
Logo em fins de 1975, no seguimento do II Congresso do então Partido Popular Democrático, um grupo de vinte e um deputados, liderados pelo professor da Faculdade de Direito de Coimbra Carlos Alberto da Mota Pinto, cindem com o partido e passam a deputados independentes.
Mais tarde, em Novembro de 1977, Sá Carneiro vê-se obrigado pelas «elites» do partido, ao tempo chefiadas pelo professor da Faculdade de Direito de Lisboa António de Sousa Franco, a uma retirada estratégica e à demissão da liderança.
No V Congresso, realizado em Janeiro de 1978, Sousa Franco é eleito presidente do PSD. Dias antes, numa entrevista à comunicação social, dividira o partido em duas tendências: a «ala rural», conservadora e direitista, obviamente liderada por Sá Carneiro, e a «ala urbana», verdadeiramente social-democrata, urbana, letrada, esclarecida e, obviamente, liderada por ele mesmo.
Com o inevitável regresso de Sá Carneiro em Julho desse mesmo ano, Sousa Franco é afastado. Prontamente, as «elites» do partido, receosas e cansadas do estilo «anti-sistémico» do líder, promoveram e subscreveram um documento denominado «Opções Inadiáveis», com o qual pretendiam assinalar uma confortável distância ideológica e de estilo em relação a Sá Carneiro. Desse grupo, alguns acabaram por protagonizar uma dissidência, em 4 de Abril de 1979, que ficou marcada pelo abandono do partido de trinta e sete deputados, entre eles, Sousa Franco, Magalhães Mota, Barbosa de Melo, Costa Andrade, Marques Mendes (pai), António Rebelo de Sousa, Artur Cunha Leal, Furtado Fernandes, Sérvulo Correia, Vilhena de Carvalho, Mário Pinto, Olívio França, Luís Nandim de Carvalho, Ruben Raposo, Rui Machete. Uma verdadeira «debandada das elites», usando linguagem actual, da qual viria a nascer um grupúsculo denominado ASDI (Acção Social-Democrata Independente), que serviu para fazer uma aliança eleitoral com o PS tendo em vista enfrentar o PSD e a Aliança Democrática nas eleições legislativas desse ano.
As «elites» que ficaram continuariam a marcar a sua distância em relação a Sá Carneiro, aproximando-se de Francisco Pinto Balsemão. Meses mais tarde, nas eleições de 2 de Dezembro de 1979, Sá Carneiro e a Aliança Democrática ganharam as eleições legislativas com maioria absoluta. Chamado a formar governo, tomou posse no cargo de primeiro-ministro de Portugal no ano seguinte, que foi também o da sua morte. As «elites» que tinham sobrado incensaram-no. Algumas das que tinham saído do partido regressaram mais tarde, assim que puderam. Como sempre, de chapéu na mão, à míngua dos favores do poder.
Logo em fins de 1975, no seguimento do II Congresso do então Partido Popular Democrático, um grupo de vinte e um deputados, liderados pelo professor da Faculdade de Direito de Coimbra Carlos Alberto da Mota Pinto, cindem com o partido e passam a deputados independentes.
Mais tarde, em Novembro de 1977, Sá Carneiro vê-se obrigado pelas «elites» do partido, ao tempo chefiadas pelo professor da Faculdade de Direito de Lisboa António de Sousa Franco, a uma retirada estratégica e à demissão da liderança.
No V Congresso, realizado em Janeiro de 1978, Sousa Franco é eleito presidente do PSD. Dias antes, numa entrevista à comunicação social, dividira o partido em duas tendências: a «ala rural», conservadora e direitista, obviamente liderada por Sá Carneiro, e a «ala urbana», verdadeiramente social-democrata, urbana, letrada, esclarecida e, obviamente, liderada por ele mesmo.
Com o inevitável regresso de Sá Carneiro em Julho desse mesmo ano, Sousa Franco é afastado. Prontamente, as «elites» do partido, receosas e cansadas do estilo «anti-sistémico» do líder, promoveram e subscreveram um documento denominado «Opções Inadiáveis», com o qual pretendiam assinalar uma confortável distância ideológica e de estilo em relação a Sá Carneiro. Desse grupo, alguns acabaram por protagonizar uma dissidência, em 4 de Abril de 1979, que ficou marcada pelo abandono do partido de trinta e sete deputados, entre eles, Sousa Franco, Magalhães Mota, Barbosa de Melo, Costa Andrade, Marques Mendes (pai), António Rebelo de Sousa, Artur Cunha Leal, Furtado Fernandes, Sérvulo Correia, Vilhena de Carvalho, Mário Pinto, Olívio França, Luís Nandim de Carvalho, Ruben Raposo, Rui Machete. Uma verdadeira «debandada das elites», usando linguagem actual, da qual viria a nascer um grupúsculo denominado ASDI (Acção Social-Democrata Independente), que serviu para fazer uma aliança eleitoral com o PS tendo em vista enfrentar o PSD e a Aliança Democrática nas eleições legislativas desse ano.
As «elites» que ficaram continuariam a marcar a sua distância em relação a Sá Carneiro, aproximando-se de Francisco Pinto Balsemão. Meses mais tarde, nas eleições de 2 de Dezembro de 1979, Sá Carneiro e a Aliança Democrática ganharam as eleições legislativas com maioria absoluta. Chamado a formar governo, tomou posse no cargo de primeiro-ministro de Portugal no ano seguinte, que foi também o da sua morte. As «elites» que tinham sobrado incensaram-no. Algumas das que tinham saído do partido regressaram mais tarde, assim que puderam. Como sempre, de chapéu na mão, à míngua dos favores do poder.
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