14 julho 2007

"Quoi, mon cher Monsieur?!"

Mas quem era então este homem, acerca de quem Robespierre dizia que "pela elevação da sua alma, e pela grandeza do seu carácter, se mostrou digno de ser reconhecido como o mestre incontestável da humanidade"?

Rousseau foi o modelo do intelectual de esquerda, e em mais do que um aspecto. Viveu quase sempre à custa dos outros - entre os seus benfeitores, incluiram-se Frederico II da Prússia e George III da Inglaterra -, estabelecendo o precedente para os intelectuais de esquerda modernos - como os escritores, os artistas e os académicos -, de considerarem ser prerrogativa sua viverem à custa dos contribuintes. Jamais se mostrou reconhecido a quem o sustentou; pelo contrário, considerava que eram os seus benfeitores que deveriam estar-lhe gratos por financiarem um génio como ele.

Nascido numa família calvinista de Genève, converteu-se ao catolicismo com o único propósito de obter uma educação e beneficiar da gratuitidade do ensino católico, desconvertendo-se logo a seguir, e passando o resto da sua vida a pregar os males que a Igreja Católica trazia à sociedade.

Pregando a virtude sem cessar, era um imoralista convicto. Segundo ele próprio, porém, o amor que tinha à humanidade era suficiente para o desculpar de todas as suas imoralidades, falta de maneiras e mau carácter. De acordo com um dos seus biógrafos, o historiador J. H. Huizinga, as suas Confessions são uma sucessão lamentável de mentiras, meias verdades e distorsão dos factos.

Por vezes, viveu à conta de mulheres. De uma mulher modesta, Thérèse Levasseur, que ele considerava uma semi-analfabeta - mas não, certamente, em actividades mais lúdicas - teve cinco filhos, mas nunca se casou com ela. Pelo contrário, este filósofo da educação (Émile) que teria tido aqui cinco excelentes oportunidades para testar as suas próprias teorias da educação, decidiu abandonar os filhos, um a um, à medida que foram nascendo, à porta de uma instituição que cuidava de crianças orfãs. O orfanato tinha a triste reputação de não conseguir assegurar a sobrevivência de mais de 10% das crianças que recebia. Ainda assim, mesmo mais tarde, Rousseau nunca se mostrou arrependido, justificando-se que, de qualquer forma, nunca teria dado um bom pai.

Com o avanço da idade, a sua insanidade acentuou-se. Referindo-se ao terramoto de Lisboa de 1755 disse que não era mau que de vez em quando uma catástrofe desse cabo de uns milhares de pessoas. Durante a sua estadia em Inglaterra, conviveu com David Hume - o deão dos cavalheiros -, que o acolheu e suportou. Pegou-se-lhe a ideia de que estava a ser vítima de uma conspiração para o matarem, na qual Hume seria o conspirador-mor. Em períodos de lucidez, verificando o absurdo das suas suposições, agarrava-se a Hume e exclamava; "No, no, Hume is no traitor!", ao que Hume, visivelmente embaraçado, respondia "Quoi, mon cher Monsieur?!".

4 comentários:

zazie disse...

ahahahah

"que ele considerava uma semi-analfabeta - mas não, certamente, em actividades mais lúdicas"

zazie disse...

E o título

"Quoi, mon cher Monsieur?!"

ahahahahaha

Anónimo disse...

Enfin, pauvre type, pauvre con...

E o facto de o pai avant la lettre do eduquês (cujos seguidores se consideram filhos de Rousseau ) ter abandonado os seus 5 filhos diz tudo...

Anónimo disse...

A filosofía da educaçao trocada em filosfía do coraçao vista pelo PA...

Cualquer dia destes vai surprendernos e atreverse com o Marqués de Sade. Tao aristócrata ele nos seus gostos...

hehehehehehe