O que leva os homens a prescindir da sua liberdade pela existência do Estado?
A razão é simples e unanimemente aceite: o medo. O medo, desde logo, de si mesmos, da natureza humana, da sua fragilidade, da velhice, da doença, da morte, da falta de condições para educar os filhos, o medo dos outros, do mal que podem sofrer pelos actos de terceiros, etc., etc., etc..
Foi exactamente por terem medo do futuro que os homens se começaram a associar, a cooperarem, e a enfrentarem juntos os perigos que a vida sempre lhes trouxe. Por medo, mais tarde, começaram a procurar protecção dos mais fortes e dos que tinham mais meios disponíveis para lhes assegurarem um melhor futuro. E foi, também, por medo, que foram desenvolvendo instituições que lhes davam mais confiança à existência: a família, a propriedade, o direito, a justiça, o estado. Sobre todas elas, obviamente, a religião: a única capaz de lhes assegurar a felicidade para além da morte.
Acordando unanimemente nas razões que originaram a troca de liberdade individual por segurança, como devemos encarar a natureza das instituições políticas que existem para a garantir? As respostas cingem-se apenas a duas possíveis: a liberal e a hobbesiana.
Os liberais dizem assim: «Os homens têm medo. Por causa do medo criaram instituições que lhes transmitam segurança, entre elas as instituições políticas. É dever destas assegurar-lhes as condições para viverem sem medo, o melhor que puderem, de modo a realizarem-se como seres humanos, na justa medida do talento e do esforço de cada um».
Afirmam os estatistas, o mesmo é dizer, os hobbesianos: «Os homens têm medo. Por causa do medo criaram instituições que lhes transmitam segurança, entre elas as instituições políticas. É dever destas mantê-los medrosos, com muito mais medo do que antes da sua criação, sob a ameaça e a coacção permanente de sanções severas impostas à mais leve prevaricação, porque, sem medo, os homens não conseguem sobreviver».
Notável perversão, esta: os homens criam as instituições políticas por terem medo. Em vez de se verem livres dele devem agravá-lo.
A razão é simples e unanimemente aceite: o medo. O medo, desde logo, de si mesmos, da natureza humana, da sua fragilidade, da velhice, da doença, da morte, da falta de condições para educar os filhos, o medo dos outros, do mal que podem sofrer pelos actos de terceiros, etc., etc., etc..
Foi exactamente por terem medo do futuro que os homens se começaram a associar, a cooperarem, e a enfrentarem juntos os perigos que a vida sempre lhes trouxe. Por medo, mais tarde, começaram a procurar protecção dos mais fortes e dos que tinham mais meios disponíveis para lhes assegurarem um melhor futuro. E foi, também, por medo, que foram desenvolvendo instituições que lhes davam mais confiança à existência: a família, a propriedade, o direito, a justiça, o estado. Sobre todas elas, obviamente, a religião: a única capaz de lhes assegurar a felicidade para além da morte.
Acordando unanimemente nas razões que originaram a troca de liberdade individual por segurança, como devemos encarar a natureza das instituições políticas que existem para a garantir? As respostas cingem-se apenas a duas possíveis: a liberal e a hobbesiana.
Os liberais dizem assim: «Os homens têm medo. Por causa do medo criaram instituições que lhes transmitam segurança, entre elas as instituições políticas. É dever destas assegurar-lhes as condições para viverem sem medo, o melhor que puderem, de modo a realizarem-se como seres humanos, na justa medida do talento e do esforço de cada um».
Afirmam os estatistas, o mesmo é dizer, os hobbesianos: «Os homens têm medo. Por causa do medo criaram instituições que lhes transmitam segurança, entre elas as instituições políticas. É dever destas mantê-los medrosos, com muito mais medo do que antes da sua criação, sob a ameaça e a coacção permanente de sanções severas impostas à mais leve prevaricação, porque, sem medo, os homens não conseguem sobreviver».
Notável perversão, esta: os homens criam as instituições políticas por terem medo. Em vez de se verem livres dele devem agravá-lo.
9 comentários:
Rui, eu imagino que ocorra o contrário.
Acredito que neste assunto ocorre o inverso. O Estado não existe para "dar segurança". Ao contrário!
O Estado somente nasce quando ele mesmo destrói a segurança ja existente entre as pessoas.
Digo que na sociedade, de um modo geral, as pessoas agem no sentido de cooperação voluntária. Criminosos e golpistas sempre existem e podem ser rechaçados pela defesa privada etc.
Assim, para o Estado se justificar, o primeiro passo é "quebrar" a ordem natural de cooperação já existente na sociedade.
Somente assim pode o Estado nascer. Mas isso não o justifica, ao contrário, apenas demonstra seu carater criminoso.
Este texto explica mais detalhadamente a ideia que quero passar:
http://www.oindividuo.com/convidado/hoppe.htm
Só para esclarecer que as primeiras cidades criadas pelo Homem foram criadas com vista a práticas comerciais e hedonistas, ao contrário da tese arqueológica que vigorou durante muitos anos que dizia que as primeiras cidades surgiram da necessidade dos humanos se defenderam. Na verdade, a única razão para haver sociedade e consequentemente um Estado é a perspectiva de que, através deles, será mais fácil tornarmo-nos melhores pessoas, o que quer que seja que "melhor pessoas" queira dizer nestes tempos que correm
Caro Rui,
Não me parece que a religião tenha tido como função essencial ser «a única capaz de lhes assegurar a felicidade para além da morte».
São raras, na antiguidade, aquelas que acreditavam na imortalidade. O judaísmo, por exemplo, nem sequer faz referência a tal coisa. Os egipcios sim, daí a mumificação. Mas tal era restrito a um pequeno grupod e elitos, os que tinham posses para serem mumificados.
Pelo contrário, a religião sempre serviu de suporte, apoio e fundamentação á vida de todos os dias. Fosse para a explicar, fosse para a suportar, fosse para a transformar. Assim foi e assim é.
A ideia de que os crentes vivem num estado de ansiedade e com os olhos postos num além futuro é uma das maiores mistificações, nomeadamente abundantemente utilizada no período pós-trento e nos dias de hoje pelos fundamentalistas de todos os géneros, espécies, feitos e cores. No que diz respeito ao cristianismo, a sua essência, derivada do paulismo, é pragmática e não messiânica: conversão, agora, modificando relação homem/deus com obvias consequencias na relação homem/homem e homem/mundo.
Acreditamos num Deus, numa salvação, numa religião para nos protegermos da morte. Complementarmente pode servir para outras coisas. Mas foi para acomodar a morte que se inventou a religião. Tudo nas religiões vai dar à morte. É o nosso (de quem acredita) consolo para a suportar. Infelizmente, não consigo ser crente.
Locke parte da suposição que os homens no princípio dos tempos (estado de natureza) viviam em plena liberdade e igualdade entre si. Os homens, por conseguinte, nasciam livres, independentes e eram apenas governados pela sua própria razão. O único direito que reconhecem (o direito natural) é o que os proíbe de roubar ou destruir a vida, a liberdade e a propriedade de outros. Vendo a vantagem em se associarem para resolverem os seus conflitos de interesses e protegerem os seus direitos, estabelecerem um contrato social criando assim uma comunidade (sociedade organizada). Estes homens não eram nem maus (como afirmava Hobbes), nem bons (como defenderá depois Rousseau), mas apenas seres susceptíveis de serem aperfeiçoados. A função do governo, neste quadro, limitava-se a garantir o respeito pelos direitos naturais (a vida, a liberdade e os bens) dos cidadãos. O bem público deve servir às realizações individuais e não a fins colectivos indefiníveis.
4 hero
"Assim como não existem ideias inatas na mente, também não existe poder que se possa considerar inato e de origem divina, como defendiam os teóricos do absolutismo." John Locke
Quer dizer, liberalismos há muitos. Cada um escolhe o que quer.
4 hero
Thomas Hobbes afirma que os homens foram feitos iguais, só que a sua natureza leva à discórdia (competição, desconfiança e desejo de glória). Sem um poder comum, os homens estarão sempre nesse estado de natureza, ou seja, em constante estado de guerra uns contra os outros, havendo, assim, a necessidade de um poder comum que os ordene—sempre que não houver a paz, necessariamente se travará a guerra.
Quem é que está certo?
4 hero
Caro manuel martinho,
«Tudo nas religiões vai dar à morte«.
hum...acho conviria estudar um pouco mais de história das religiões.
«Acreditamos num Deus, numa salvação, numa religião para nos protegermos da morte.«
essa foi a única justificação que os ateístas conseguiram criar para justificar a fé e o fenómeno religioso. Mas tal não é apenas incapacidade de enidendimento. Qualquer pessoa com fé, qualquer que ela seja, lhe demonstrará o contrário, que a fé lhes dá sentido á vida (e não á morte).
errata: «entendimento»
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