No meu post anterior, argumentei que a concepção moderna de liberdade - às vezes chamada liberdade democrática -, conduz a uma sociedade conflituosa e litigante que é particularmente próspera para os juristas e advogados.
Não surpreende, por isso, que esta concepção de liberdade, representando embora uma perversão do ideal de liberdade, tenha sido promovida sobretudo pelos membros da profissão jurídica, pelo menos desde a revolução francesa. Em Portugal, esta concepção de liberdade voltou a vigorar a partir da revolução de Abril de 1974. E de então para cá, durante o período de liberdade democrática, as estatísticas são impressionantes.
Entre 1974 e 1998, o número de processos judiciais nos tribunais portugueses passou de 230 mil (26 por mil habitantes) para 731 mil (73 por mil habitantes), praticamente triplicando no espaço de menos de um geração. (1)
O número de magistrados judiciais cresceu de 441 (5.0 por cada cem mil habitantes) em 1974 para 1324 (13.3 por cada cem mil habitantes) em 1998. O número de magistrados do ministério público teve evolução semelhante: passou de 292 (3.3 por cada cem mil habitantes) em 1974 para 982 (9.8 por cada cem mil habitantes) em 1998.
E o número de advogados no país, que era de 2 780 (32 por cada cem mil habitantes) em 1974, mais do que quintuplicou no mesmo período, passando para 16 440 (165 por cada cem mil habitantes) em 1998.
(1) A fonte dos dados é António Barreto (org.), A Situação Social em Portugal 1960-1999, Lisboa: Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 2000.
1 comentário:
E à falta de clientes, que com tino , os evitam, deu-se o milagre de oferecerem aos pobrezinhos apoio judiciário que todos nós pagamos... por vezes é toda uma mesma família com advogados pagos pelo erário ou seja por quem os evita... porra!
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