15 julho 2007

a festa da democracia

Os resultados eleitorais de hoje, por mais degradantes que sejam para o país e para a sua vida política, não terão quaisquer consequências relevantes. Um discurso ou outro sobre a abstenção, sobre o divórcio do país real em relação ao país político e a necessidade de fazer alguma coisa, enfim, os clichés que começam já a ser habituais nestas ocasiões. Daqui por alguns dias, a inevitável modorra de sempre regressará, com Costa na Praça do Município, e todos os outros a tratarem da vida noutros sítios quaisquer, de tempos a tempos entretidos uns com os outros nas disputas eleitorais do costume.
Na verdade, o país não se interessa pelos seus políticos e os seus políticos não se interessam pelo país. Daí não vem, também, grande mal ao mundo. Enquanto estivermos na União Europeia e nos forem «pondo a mão por baixo», vamo-nos aguentando. Há trinta anos, quando Portugal «não pertencia» à Europa, antes ainda deste status quo pachorrento em que consiste o «modelo social europeu», um qualquer regimento da nossa tropa já teria saído do quartel a desoras, dado uns tiros para o ar, e remetido uns tantos governantes para o Rio de Janeiro ou Paris, donde escreveriam prosas inflamadas sobre a decadência da pátria. A coisa, agora, é mais pacata, mas muito mais chata, e perdeu a graça. Por isso é que já quase ninguém tem pachorra para votar.

1 comentário:

MagudeMagude disse...

"Olho" atentamente o seu pensamento, no corolário entendido, sem soluções capazes, de ser abrandado, para nivelamento e elevação.