25 julho 2007

exéquias

O Partido da Nova Democracia acabou. Ou melhor, já estava morto há algum tempo, embora a certidão de óbito só agora tenha sido emitida.

Desta aventura vale a pena retirar algumas conclusões para o futuro.

Em primeiro lugar, que não bastam um punhado de boas vontades, uma figura mediática e meia dúzia de ideias para fazer um partido com votos. Isto é, com vocação de poder. O sistema constitucional e legal protege os partidos do regime, que são aqueles que o fundaram e que o sustentam há mais de trinta anos.

Em segundo lugar, a ideia da existência de uma direita sociológica, sem representação eleitoral, escondida na abstenção, é um mito, com o qual se acena, de tempos a tempos. Na verdade, à direita do PS há para todos os gostos: desde o populismo, à social-democracia de classe média, até à circunspecta democracia-cristã, passando ainda pela direita nacionalista e patrioteira. Os eleitores abstencionistas não são cidadãos ilustres desagradados que sintam falta de quem os represente. São, apenas e só, cidadãos que não têm pachorra para votar, nem se interessam pela «coisa pública».

Em terceiro lugar, é bom dizer que esta aventura do PND começou de forma particularmente perigosa, sob a égide do «liberalismo»: o programa do partido era «liberal», o jornal do partido chamava-se «Democracia Liberal», e até o Dr. Monteiro era liberal. Muito liberalismo de uma só assentada, poderia dizer-se. Obviamente que não batia a cara com a careta – nem o Dr. Monteiro era liberal, nem o é a maior parte do seu «povo» -, e as pessoas perceberam que esse discurso não passava de um tacticismo para ver se rendia votos.

A última ilação, do meu ponto de vista a mais útil de todas, é a de que quem não perceber que o liberalismo não poderá nunca conformar um programa partidário, não percebeu definitivamente o que o liberalismo é. Se o PND não serviu para mais nada, ao menos que tenha servido para isto. Não seria, pois, nada mau que a direita partidária aprenda alguma coisa com o falhanço deste «partido liberal», de modo a não repetir a graça. Os liberais agradecem.

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