17 julho 2007

a césar o que é de césar


Desde 1787 e até hoje, os Estados Unidos da América -, para mencionar o exemplo de um país predominantemente protestante -, tiveram apenas uma Constituição. Pelo contrário, desde 1820 até hoje, Portugal - o exemplo clássico do país católico - teve sete. Não apenas isso. A constituição americana é curta, escrita em linguagem clara e precisa que todos podem entender. Pelo contrário, a constituição portuguesa é longa, confusa, propositadamente ambígua e contraditória - tudo sinais a sugerirem que, aos olhos dos portugueses, ela não serve para nada.

Quando um povo se sente oprimido - e uma democracia católica possui o potencial para oprimir o povo como nenhuma outra democracia, ou mesmo qualquer tirano -, o povo clama por autoridade, porque sabe que é a autoridade que garante a liberdade. Porém, a forma que esse apelo reveste é muito diferente numa democracia católica e numa democracia protestante.

Na realidade, quando os povos protestantes do norte da Europa se separaram de Roma, eles deixaram de reconhecer no Papa o representante da autoridade de Deus na Terra, e tiveram de ir procurar nas escrituras - cada um de per se - a autoridade da palavra de Deus. A palavra escrita - a lei, representada nas escrituras - passou a ser, aos seus olhos, a fonte de toda a autoridade. Pelo contrário, os povos católicos continuaram a olhar para a pessoa do Papa como a fonte de toda a autoridade.

Por isso, nos países de tradição protestante, a liberdade é protegida pela autoridade da lei e, em última instância, pela autoridade da lei suprema - a Constituição. Pelo contrário, nos países de tradição católica, a liberdade é protegida pela autoridade de um homem - um rei e, na ausência dele, um césar.

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