Deus sabe como sou avesso às «teorias conspirativas» da História e como me provoca repulsa a maior parte da literatura do género. Ontem, porém, numa livraria espanhola, não fui capaz de resistir e comprei, por uns absurdos 19,90 euros, uma coisa chamada El Gobierno Invisible – Think-Tank; Los hilos que manejan el mundo, de um tal Bruno Cardenosa, um rapaz talentoso com 34 anos e dez livros já publicados, que, pelos títulos, não devem desmerecer a minha compra.
A razão para a minha rendição foi simples, e resultou de uma leitura rápida do índice da obra e de algumas passagens que me pareceram, no momento, mais significativas. A leitura que fiz até agora, não desmereceu a confiança que nela depositei…
Vejamos se me consigo explicar. O autor, visivelmente de esquerda e sentimentalmente anti-americano, acha que existe uma macro-conspiração mundial fundada originalmente no pensamento de Leo Strauss (que, como é sabido, se inspira nos clássicos), na sua «doutrina da mentira» e na visão da sociedade em três grupos: o «vulgo», os «gentios» e os «sábios». O poder, o verdadeiro poder, será sempre exercido pelos últimos, que devem utilizar a mentira – a sua grande arte – para manipularem os indivíduos dos outros dois grupos. A formação intelectual dos «sábios» é feita uns pelos outros, através dos «think-tank» criados para esse efeito. Entre eles, a Rand Corporation, o Hudson Institute, o Cato Institute, a Heritage Foundation, a Freedom House, a Chatam House e, aquela que mais me entusiasmou, a Mont Pelerin Society. Acerca desta última, o autor garante tratar-se de «un thik-tank creado como matriz para los think-tanks», que «(…) se convirtió en outro de los mecanismos de impulso para los grupos que pretendem dirigir nuestras vidas desde las sombras». A origem de todo o mal, portanto... Sobre Hayek (o fundador da sociedade) e as suas ideias, escreve o indignado autor: «este cretino a quien vanaglorian casi todos los gobernantes del mundo occidental...»
Na aplicação destas nefastas doutrinas, os judeus são aliados evidentes. A quem, de resto, são prestados muito bons serviços, principalmente com a política norte-americana no Médio Oriente, sobretudo nos governos republicanos. O último, o de George W. Bush, foi, obviamente, um lapidar exemplo desta gigantesca conspiração strussiana-capitalista-judaica-liberal.
Estas ideias são perfeitamente discutíveis. Algumas delas têm sido resumidas pelo Pedro Arroja, para espanto e choque das boas consciências, sobretudo das situadas mais à esquerda. Curiosamente, a mesma esquerda que não se cansa de estabelecer elos sinistros entre Israel e os EUA, e a politica seguida pelos governos norte-americanos no Médio Oriente.
Por mim, que não descuro o poder e a influência dos lobbys e dos grupos de pressão na política, sempre me pareceram excessivas, por um lado, e muito redutoras, por outro, as teorias da conspiração. Sobretudo, quando enunciam explicações à escala global e com permanência temporal ilimitada, capazes de interpretar plenamente o passado, encontrar as «leis» da evolução histórica e com elas determinar o futuro. Considero-as, assim, a actualização moderna das teorias conspirativas da evolução da História, de Karl Marx, a pretexto das quais ele pretendia adivinhar a sua evolução. São, geneticamente, doutrinas de esquerda e historicistas (no sentido que Popper atribuiu ao «historicismo»). Não andam longe da astrologia (como Popper, de resto, considerou) e, por isso, a sua fronteira com o esoterismo é muito ténue, ou, às vezes, até mesmo inexistente.
A razão para a minha rendição foi simples, e resultou de uma leitura rápida do índice da obra e de algumas passagens que me pareceram, no momento, mais significativas. A leitura que fiz até agora, não desmereceu a confiança que nela depositei…
Vejamos se me consigo explicar. O autor, visivelmente de esquerda e sentimentalmente anti-americano, acha que existe uma macro-conspiração mundial fundada originalmente no pensamento de Leo Strauss (que, como é sabido, se inspira nos clássicos), na sua «doutrina da mentira» e na visão da sociedade em três grupos: o «vulgo», os «gentios» e os «sábios». O poder, o verdadeiro poder, será sempre exercido pelos últimos, que devem utilizar a mentira – a sua grande arte – para manipularem os indivíduos dos outros dois grupos. A formação intelectual dos «sábios» é feita uns pelos outros, através dos «think-tank» criados para esse efeito. Entre eles, a Rand Corporation, o Hudson Institute, o Cato Institute, a Heritage Foundation, a Freedom House, a Chatam House e, aquela que mais me entusiasmou, a Mont Pelerin Society. Acerca desta última, o autor garante tratar-se de «un thik-tank creado como matriz para los think-tanks», que «(…) se convirtió en outro de los mecanismos de impulso para los grupos que pretendem dirigir nuestras vidas desde las sombras». A origem de todo o mal, portanto... Sobre Hayek (o fundador da sociedade) e as suas ideias, escreve o indignado autor: «este cretino a quien vanaglorian casi todos los gobernantes del mundo occidental...»
Na aplicação destas nefastas doutrinas, os judeus são aliados evidentes. A quem, de resto, são prestados muito bons serviços, principalmente com a política norte-americana no Médio Oriente, sobretudo nos governos republicanos. O último, o de George W. Bush, foi, obviamente, um lapidar exemplo desta gigantesca conspiração strussiana-capitalista-judaica-liberal.
Estas ideias são perfeitamente discutíveis. Algumas delas têm sido resumidas pelo Pedro Arroja, para espanto e choque das boas consciências, sobretudo das situadas mais à esquerda. Curiosamente, a mesma esquerda que não se cansa de estabelecer elos sinistros entre Israel e os EUA, e a politica seguida pelos governos norte-americanos no Médio Oriente.
Por mim, que não descuro o poder e a influência dos lobbys e dos grupos de pressão na política, sempre me pareceram excessivas, por um lado, e muito redutoras, por outro, as teorias da conspiração. Sobretudo, quando enunciam explicações à escala global e com permanência temporal ilimitada, capazes de interpretar plenamente o passado, encontrar as «leis» da evolução histórica e com elas determinar o futuro. Considero-as, assim, a actualização moderna das teorias conspirativas da evolução da História, de Karl Marx, a pretexto das quais ele pretendia adivinhar a sua evolução. São, geneticamente, doutrinas de esquerda e historicistas (no sentido que Popper atribuiu ao «historicismo»). Não andam longe da astrologia (como Popper, de resto, considerou) e, por isso, a sua fronteira com o esoterismo é muito ténue, ou, às vezes, até mesmo inexistente.
2 comentários:
Estou pelenamente de acordo. Eu também sou português e da-me muita vergonha da forma como os nossos conterrâneos estão cegos, e continuam a alimentar o que eu chamo uma democrata ditadura.
E uma realidade muito cruel mas muito real para o povo português o que mais me revolta nisto tudo, é que todos criticam quem está a governar, mas são todos culpados, desde PS a PSD eCDS.
Só eapero que o povo abra os olhos em breve para travar toda esta loucura.
Valquíria
.
Enviar um comentário