Há duas críticas comuns ao liberalismo que lhe podem ser fatais: a de que ele choca frequentemente com a realidade, e a de que a imposição de um eventual modelo liberal por via governativa não diferiria muito de qualquer outro dirigismo estatista. Ambas são verdadeiras.
Na verdade, infelizmente, o culto da liberdade, do individualismo e da responsabilidade não são moeda corrente nas sociedades do nosso tempo. As razões que o explicam são certamente as mais diversas, mas há uma que parece evidente: o proteccionismo existe a pedido dos cidadãos que julgam encontrar no Estado mais e melhor segurança para as suas existências. Não é, por isso, fácil convencer as pessoas que elas, no fim de contas, ficariam melhor entregues a si mesmas e às instituições que livremente estabelecessem e contratualizassem, do que ao Estado. Na dúvida, na verdade, as pessoas contratam o Estado e muito frequentemente pedem-lhe que amplie as suas funções e aumente a sua responsabilidade social. Veja-se, a esse propósito, o paradigmático caso português, onde as pessoas reconhecem, por um lado, o absoluto fracasso do Estado em quase tudo o que é da sua responsabilidade (saúde, funcionalismo público, educação, agricultura, economia, etc.), mas, por outro, em vez de lhe pedirem que se retire desses sectores da vida social, exigem-lhe ainda mais responsabilidade.
Por outro lado, só uma mentalidade totalitária poderia supor possível impor a liberdade individual a quem a não quer ter ou não sabe o que ganharia com isso. Na sua proclamação ao país, após o desembarque no Mindelo, o futuro D. Pedro IV de Portugal, encontrando uma resistência que não concebia possível à sua abnegada intenção de depor o «usurpador absolutista», por sinal seu irmão, ameaçou os portugueses com um sinistro «não me obriguem a libertar-vos». Essa «libertação», muito mal aproveitada depois de 1834, custaria uma sangrenta guerra civil e muitos milhares de mortos.
Como é evidente, nem o liberalismo se impõe como um programa político libertador, nem as sociedades estão receptivas a transformações enquanto as pessoas as não entenderem e não as aceitarem como legítimas e naturais. Razões pelas quais, o liberalismo tem de ser muito bem explicado e a sua vantagem sobre o estatismo muito bem demonstrada, antes de integrar qualquer espécie de programa político ou de governo. Noutros países do mundo, onde os valores liberais são socialmente predominantes, essa fase já está há muito ultrapassada. Não é, definitivamente, o nosso caso.
Na verdade, infelizmente, o culto da liberdade, do individualismo e da responsabilidade não são moeda corrente nas sociedades do nosso tempo. As razões que o explicam são certamente as mais diversas, mas há uma que parece evidente: o proteccionismo existe a pedido dos cidadãos que julgam encontrar no Estado mais e melhor segurança para as suas existências. Não é, por isso, fácil convencer as pessoas que elas, no fim de contas, ficariam melhor entregues a si mesmas e às instituições que livremente estabelecessem e contratualizassem, do que ao Estado. Na dúvida, na verdade, as pessoas contratam o Estado e muito frequentemente pedem-lhe que amplie as suas funções e aumente a sua responsabilidade social. Veja-se, a esse propósito, o paradigmático caso português, onde as pessoas reconhecem, por um lado, o absoluto fracasso do Estado em quase tudo o que é da sua responsabilidade (saúde, funcionalismo público, educação, agricultura, economia, etc.), mas, por outro, em vez de lhe pedirem que se retire desses sectores da vida social, exigem-lhe ainda mais responsabilidade.
Por outro lado, só uma mentalidade totalitária poderia supor possível impor a liberdade individual a quem a não quer ter ou não sabe o que ganharia com isso. Na sua proclamação ao país, após o desembarque no Mindelo, o futuro D. Pedro IV de Portugal, encontrando uma resistência que não concebia possível à sua abnegada intenção de depor o «usurpador absolutista», por sinal seu irmão, ameaçou os portugueses com um sinistro «não me obriguem a libertar-vos». Essa «libertação», muito mal aproveitada depois de 1834, custaria uma sangrenta guerra civil e muitos milhares de mortos.
Como é evidente, nem o liberalismo se impõe como um programa político libertador, nem as sociedades estão receptivas a transformações enquanto as pessoas as não entenderem e não as aceitarem como legítimas e naturais. Razões pelas quais, o liberalismo tem de ser muito bem explicado e a sua vantagem sobre o estatismo muito bem demonstrada, antes de integrar qualquer espécie de programa político ou de governo. Noutros países do mundo, onde os valores liberais são socialmente predominantes, essa fase já está há muito ultrapassada. Não é, definitivamente, o nosso caso.
1 comentário:
Nem nesse, nem nos outros.
Bfsemana.
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