Pierre-Joseph Proudhon morreu cedo, com cinquenta e seis anos apenas. É vulgarmente conhecido como socialista e anarquista, inimigo da propriedade privada e do capitalismo industrial do tempo em que viveu. Sempre me pareceu reducionista e muito limitada esta abordagem do pensamento de Proudhon.
Na verdade, é com a liberdade, com as condições para que ela se torne possível, e com os inimigos que a ameaçam, que Proudhon mais se preocupa. Com os abusos do poder político e do governo, do exercício da soberania política, onde ele via o reino da arbitrariedade e da tirania. Com a estatização que se sobrepunha ao indivíduo e à sua liberdade. Considerava, por isso, qualquer acto de governação como um acto de «usurpação» da liberdade individual, que ele definia como «liberté de conscience, liberté de la presse, liberté du travail, liberté de l'enseignement, libre concurrence, libre disposition des fruits de son travail, liberté à l'infini, liberté absolue, liberté partout est toujours!». Todas as suas preocupações políticas giram, portanto, em torno da liberdade.###
Começando por ver na propriedade «um roubo», a origem de todas as desigualdades e uma ameaça à liberdade («Qu'est ce que la propriéte?», 1840), transferiu a sua análise crítica para o poder do Estado, para o governo e para a burocracia, onde encontrou a verdadeira ameaça à liberdade. Perante a necessidade de esvaziar o poder do Estado soberano, propõe um modelo federal descentralizado, aplicável aos Estados e à sociedade internacional, que seria resultante de um contrato sinalagmático e equitativo celebrado pelas partes que compõem a federação («Du Principe fédératif», 1863). Sobre o federalismo diz que é «liberdade por excelência, pluralismo, divisão, governo de si por si». E vê-o como a origem do próprio Estado, que mais não é, segundo ele, do que uma federação de interesses particulares e individuais.
Declina, também, a ideia marxista da luta de classes e o dogmatismo colectivista do comunismo, admitindo a existência de relações de cooperação entre a burguesia e o proletariado. Vê na concorrência uma condição natural da vida social e da liberdade económica. Proclama-se admirador do «laisser-faire, laissez-passer», de de Quesnay, de Turgot e de Say.
Por isso, foi atacado por Engels e Marx, que lhe chamavam um «filósofo e economista da pequena burguesia». Marx nunca levou a bem que Proudhon se afastasse da sua visão dialética do mundo e da luta de classes, e que lhe tivesse retorquido que a sua filosofia política pretendia impor substituir dogmas por dogmas, o que jamais aceitaria.
Decididamente, Pierre-Joseph Proudhon não era socialista, e se tivesse vivido nos nossos dias seria certamente um assumido «libertarian».
Nota: Este é um primeiro texto sobre o pensamento político de Proudhon, ao qual pretendo regressar futuramente.
Na verdade, é com a liberdade, com as condições para que ela se torne possível, e com os inimigos que a ameaçam, que Proudhon mais se preocupa. Com os abusos do poder político e do governo, do exercício da soberania política, onde ele via o reino da arbitrariedade e da tirania. Com a estatização que se sobrepunha ao indivíduo e à sua liberdade. Considerava, por isso, qualquer acto de governação como um acto de «usurpação» da liberdade individual, que ele definia como «liberté de conscience, liberté de la presse, liberté du travail, liberté de l'enseignement, libre concurrence, libre disposition des fruits de son travail, liberté à l'infini, liberté absolue, liberté partout est toujours!». Todas as suas preocupações políticas giram, portanto, em torno da liberdade.###
Começando por ver na propriedade «um roubo», a origem de todas as desigualdades e uma ameaça à liberdade («Qu'est ce que la propriéte?», 1840), transferiu a sua análise crítica para o poder do Estado, para o governo e para a burocracia, onde encontrou a verdadeira ameaça à liberdade. Perante a necessidade de esvaziar o poder do Estado soberano, propõe um modelo federal descentralizado, aplicável aos Estados e à sociedade internacional, que seria resultante de um contrato sinalagmático e equitativo celebrado pelas partes que compõem a federação («Du Principe fédératif», 1863). Sobre o federalismo diz que é «liberdade por excelência, pluralismo, divisão, governo de si por si». E vê-o como a origem do próprio Estado, que mais não é, segundo ele, do que uma federação de interesses particulares e individuais.
Declina, também, a ideia marxista da luta de classes e o dogmatismo colectivista do comunismo, admitindo a existência de relações de cooperação entre a burguesia e o proletariado. Vê na concorrência uma condição natural da vida social e da liberdade económica. Proclama-se admirador do «laisser-faire, laissez-passer», de de Quesnay, de Turgot e de Say.
Por isso, foi atacado por Engels e Marx, que lhe chamavam um «filósofo e economista da pequena burguesia». Marx nunca levou a bem que Proudhon se afastasse da sua visão dialética do mundo e da luta de classes, e que lhe tivesse retorquido que a sua filosofia política pretendia impor substituir dogmas por dogmas, o que jamais aceitaria.
Decididamente, Pierre-Joseph Proudhon não era socialista, e se tivesse vivido nos nossos dias seria certamente um assumido «libertarian».
Nota: Este é um primeiro texto sobre o pensamento político de Proudhon, ao qual pretendo regressar futuramente.
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