07 janeiro 2007

instituições sociais espontâneas

Lamento, caro Pedro, mas a Igreja Católica não é uma «instituição espontânea» da ordem social. Ela é, pelo menos para os crentes, o produto directo da intervenção divina na ordem humana, instituída pelo filho de Deus e fundada pelo seu discípulo Pedro. Assenta num Livro sagrado, que é, para quem acredita, a revelação da própria palavra divina. Não é, por conseguinte, pelo menos para os crentes, um resultado da simples expressão da vontade dos homens.
Compreendo, contudo, as suas apreensões em relação aos autores liberais que referiu. Como você, também eu tenho algumas reservas ao que escreveram, como sempre devemos ter em relação a todos os sistemas complexos de ideias. E, também como você, sempre prefiro o que Hayek escreveu ao que escreveram todos os outros autores que citou. Descontando o facto de que devemos olhar sempre criticamente para o mundo das ideias, não duvido que o liberalismo clássico e o libertarianismo, apesar das suas compreensíveis fragilidades, são, de longe, as filosofias mais próximas do que pode ser uma ideia plausível da liberdade. È por isso que sou liberal, é por isso que estimo o que escrevem os autores que citou e muitos outros da mesma família, não ignorando, contudo, que, por exemplo, Rothbard considera Adam Smith um espírito menor e um plagiador. Enfim, coisas de família...
Quanto à ordem social espontânea, e às instituições que dela resultaram e que são menorizadas, ou mesmo ignoradas, pelos liberais, há uma sobre a qual tenho andado a pensar e a tentar escrever alguma coisa para eventualmente publicar noutro lugar: o Estado. Ele é, de facto, uma instituição social espontânea, a maior e, a par da Família, a mais importante de todas. Até porque, como bem sabe, o estado de natureza nunca existiu...

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