07 janeiro 2007

francamente!

Para não me acusarem de hipocrisia, de lamechice ou de relativismo agnóstico, entre muitas outras possíveis patetices, que fique claro que me é indiferente que Saddam Hussein esteja vivo ou morto, no céu ou no inferno, rodeado de virgens ou de demónios. Mas, sabendo que está morto, as causas aparentes da sua morte (as que vi na televisão...) não me agradam. Porque, depois de ver infundada a suspeita das «armas de destruição maciça», o que restava da deposição do ditador era a ideia de que tínhamos alguma coisa para transmitir a um povo que ele brutalizara e violentara. Para fazermos o que Saddam fazia, não terão valido a pena os milhares de soldados americanos mortos, os caídos de Atocha, os mortos do 7 de Julho em Londres, a Cimeira das Lages, e os riscos que diariamente muitos continuam a correr no campo de batalha e fora dele. É importante que as pessoas compreendam que o que aqui está em causa não é saber se Saddam era bom ou mau, se martirizou e assassinou milhares de seres humanos indefesos, se merecia ou não a pena de morte. O que ainda podia estar em jogo era saber se quem o depôs era capaz de dar ao povo iraquiano um melhor exemplo que o dele. Infelizmente, não foi.

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