06 novembro 2006

fundamentos

Tempo
Pertencemos, por inteiro, ao nosso tempo e o tempo que é nosso não nos pertence por inteiro. Desconhecemos quando terminará e aquele que nos sobra. Não o podemos substituir ou comprar. A história do homem prossegue sempre o mesmo fim: prolongar o tempo e procurar adquirir cada vez mais. O tempo é o bem mais raro e estimado pela nossa espécie. Por isso, devemos preservá-lo, respeitá-lo e usá-lo como melhor nos convier. O direito à felicidade passa seguramente pela liberdade, que temos ou não, de dispor do tempo que nos cabe.

Individualismo
Não existem categorias sociológicas. Ou melhor, as sociedades, as nações, os países, as cidades, as classes, os grupos são, todos sem excepção, conjuntos bem determinados de indivíduos e não possuem animus ou vida própria. Não valem por si, mas por aquilo que fazem ou deixam fazer os seus elementos integrantes. A grande falácia do despotismo foi e é a construção de miragens colectivas em abono das quais é sempre necessário o sacrifício do indivíduo.

Propriedade
Dispor de nós, dos nossos talentos, do resultado do que fazemos, do trabalho, do esforço, dos riscos que corremos é o primeiro direito fundamental do homem, apenas precedido pelo seu evidente direito à existência. A propriedade lato sensu não é sequer uma característica exclusiva do homem. A Etologia demonstrou há muito que o instinto territorial está gravado no código genético de um larguíssimo espectro de espécies animais. É por via da propriedade que nos realizamos, que damos sentido às nossas acções e às nossas vidas, que competimos e que crescemos. Quem nega a propriedade ou a pretende limitar em favor de abstracções categóricas colectivistas, está a negar a liberdade.

Valor
Tudo tem um valor. Intrínseco, extrínseco, próprio e de mercado. Numa sociedade de homens livres cada qual determina as suas necessidades, procura os meios para as satisfazer e valoriza os fins que pretende atingir. Numa sociedade intervencionada as coisas não valem nem por si nem por aquilo que estamos dispostos a dar por elas, mas pelo que outras pessoas, necessariamente interessadas e, por vezes, interesseiras, entendem que elas devem valer. A distorção do valor das coisas condiciona a realidade e tem quase sempre resultados inversos aos pretendidos.

Altruísmo
Mesmo quando pensamos em nós (e pensamos sempre em nós) estamos a beneficiar os outros. O mito marxista da concentração monopolista do capital aplica-se a bens, mas pode bem ser extrapolado para todos os domínios da vida, seja na empresa, na família, junto dos amigos ou mesmo perante estranhos. Um homem que esteja a ganhar, a obter mais-valias das suas acções, quererá sempre mais. Não ficará feliz com o que tem e não concebe a ideia de ficar suspenso no tempo. Ele intui que parar não faz parte da vida e, portanto, só lhe resta prosseguir. Para lá chegar terá de investir o que tem e, muitas vezes, o que julga poder vir a ter. Só quem tem poderá dar e distribuir pelos outros.

Igualdade
Os homens são iguais em si e perante os demais. Pertencem à mesma espécie, obedecem às mesmas regras comportamentais, padecem dos mesmos instintos e de idênticas necessidades. Nascem, vivem, crescem e morrem e, no fim do seu tempo, ficará de cada um a memória para aqueles que a queiram guardar. Do mais, nada subsiste. Nada justifica, assim, que uns possam prevalecer sobre os outros e estejam habilitados a limitar, condicionar ou dispor das suas existências. Homens livres são aqueles que podem coordenar entre si as suas vontades e acções. A igualdade condena a supremacia e, por conseguinte, o domínio. O estado natural do homem é a insubmissão e qualquer poder que o atinja deve ser permanentemente posto em causa.

Ordem
Entre si, os homens, melhor, só os homens, são capazes de gerar as regras que lhes sejam mais convenientes a uma sã convivência, e as instituições que as possam e devam fazer acatar. Se estas últimas ganharem vida própria, desprendida do criador e da necessidade da sua criação, subverterão a ordem natural das coisas e o fim da sua origem.

Liberdade
Só existe se a soubermos conquistar e conservar. Uma sociedade que permite sistemáticos atropelos do poder governativo, invariavelmente justificados por falácias colectivistas, não é composta por homens livres, nem aspira à liberdade.

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