01 março 2006

conquistas do estado social

Um terço dos hospitais públicos com bloco de partos não tem «condições de segurança para o nascimento».

7 comentários:

rui a. disse...

Caro Hugo Mendes,

Há sempre qualquer coisa que «falta dizer»...

Abraço,

Pedro Morgado disse...

Meu caro Hugo Mendes,
Seria positivo olhar para o número de médicos por 100.000 habitantes em Portugal e compará-lo com a média europeia...
Talvez assim se compreenda que o problema do SNS é mesmo organizacional.
Está quase a tornar-se um lugar comum, sempre que há alguma crítica em saúde dizer-se que é culpa dos médicos ou da OM...

Pedro Morgado disse...

Já agora, alguns dados estão em:
http://antigenio.blogspot.com/2006/02/estatstica-um-entrave-demagogia.html
Abraço.

rui a. disse...

Caro Hugo,

A culpa de não haver médicos em número satisfatório em Portugal é de um Estado corporativo que alberga no seu seio uma nefasta instituição chamada «Grupo de Missão para o Ensino Superior» que na área da saúde é dirigida por um inqualificável cidadão chamado Alberto Amaral.
Este cavalheiro assinou há pouco tempo um parecer onde afirmava que existiam médicos em excesso em Portugal. Como a formação de médicos depende, em Portugal, exclusivamente da autorização do Estado e do ministério que tutela o ensino superior, e estes se vergam invariavelmente aos interesses das corporações, ospareceres do Doutor Amaral são vinculativos, isto é, colhem como se de leis se tratassem.
Aposto, caro Hugo Mendes, que você há-de encontrar um «mas» para isto. É o mal da vida pública portuguesa: ninguém assume, nem é responsabilizado por nada. Há sempre um «mas» desconhecido que justifica tudo.

Um abraço,

rui a. disse...

Caro Hugo,

Chegamos a uma conclusão: o Estado protege as corporações. Só há uma forma de o impedir: consagrar a liberdade plena de ensino e de acesso às profissões. Depois, o mercado seleccione. Não vejo outra saída. A partir do momento em que o Estado reconhece às ordens profissionais o poder público de o substituir na selecção está, obviamente, a autorizar o proteccionismo de quem está na profissão e não quer concorrentes.
Você vai ver que ainda acaba em liberal...

Um abraço,

Willespie disse...

Eu considero que um sistema de saúde que contempla o serviço a utentes pago pelo estado e fornecido por entidades privadas (for profit) e públicas lado a lado e/ou qualquer variação desse modelo, (i.e +/- o sistema americano)… do ponto de vista do estado, a não ser que haja um controlo rigoroso sobre os preços ou pagamentos, entre outras coisas, é o equivalente do ministério de saúde pegar em milhões e milhões de euros provenientes de impostos, e deitá-los directamente pelo cano abaixo. Pela ocorrência descontrolada de sobre-facturação pelas entidades privadas ao estado.

Os EUA gastam muito mais per capita em saúde do que qualquer outro país (mas mesmo muito mais) e no entanto a percentagem de população sem qualquer acesso a serviços de saúde, varia entre 34% a 40%.

Mesmo assim penso que em Portugal o problema não é necessariamente um excesso de sobre-facturação ou de insuficiência de soluções privadas pagas pelo estado.
Existem inúmeros maus micro-hábitos de médicos que terão de mudar e com toda a franqueza o principal obstáculo é justamente a ordem dos médicos.

No seu aspecto geral acho que é mais do que óbvio que é necessário e possível, aumentar e em muito a eficiência do sistema público. Eu acho que isto é possível sem alterar radicalmente o actual modelo de prestação de serviço. Assim de repente uma medida concreta seria o pagamento directo de salários a médicos consoante o número de pacientes atendidos. Ou seja desregulam-se as restrições de abertura de clínicas ou consultórios para que cada médico ao optar por prestar serviço de saúde público, possa estabelecer livremente o seu local e meio de trabalho enquanto o estado remunera esse mesmo trabalho pelo seu mérito e produção, e não como é actualmente pago, pelo seu estatuto indiscriminadamente.
Seria um contraste absoluto com o sistema ridículo que está actualmente em vigor que manda o médico alegremente para casa e com o dia ganho assim que ele tiver consultado 16 pacientes nesse mesmo dia.

Em relação ao modelo em concreto, eu pessoalmente prefiro uma aproximação aos sistemas canadiano/australiano (ditos de esquerda) que são imensamente populares nesses países, em que a cobertura do sistema público é universal e gratuito enquanto o serviço privado (for profit) é forçosamente pago apenas pelo utente não recebendo um cêntimo do estado (nem mesmo ADSEs etc). Apesar desta preferência pessoal que pode ser considerada de esquerda apesar de ser muito eficaz, penso que é possível a provisão de serviços de saúde por entidades privadas pagas ou seguradas pelo estado desde que não haja um descontrolo grosseiro dos custos e que essas entidades contribuem para a eficiência global de um sistema que garante uma cobertura universal ou quase universal.

Anónimo disse...

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