08 fevereiro 2006

barões assinalados

O Barão de Horta e Costa foi forçado a vir hoje a terreiro em defesa do Reino de Portugal, dos Algarves e do Império dos Brasis.
O fidalgo português, um dos mais proeminentes da Corte de S. Majestade, Chanceler-Mor da Real Companhia Portuguesa de Comunicações e Transmissões Terrestres e Marítimas, fez a sua intervenção na qualidade de representante de um dos mais altos expoentes do génio empreendedor português, que se tem afigurado imprescindível na consolidação do Império e na difusão da Cristandade.
A Companhia, tradicionalmente dirigida por um dos Grandes do Reino, dispõe de Carta de Alvará e de Estatuto próprio, embora só possa tomar decisões de fundo com a autorização d’El Rei, que nela possui uma posição de privilégio, ou doirada, sem, no entanto, ter aí empenhado os seus cabedais. Encontra-se dividida em três áreas, cada uma correspondente a diferentes, mas igualmente eficientes, serviços: a secção columbófila, composta de quinhentos pombos habilitados a voos de alcance continental para transmissão de comunicações breves; a secção da malaposta, com cento e cinquenta bestas montadas a operarem no Reino e na Europa Cristã para mensagens e encomendas de maior porte; e a secção marítima, com duas caravelas destinadas aos Brasis e ao resto do Império.
Como ontem foi notícia no Paço, um burguês do Porto e seu filho, proprietários de uma vasta cadeia de vendas e de feitorias, tentou comprar a Companhia, oferecendo por ela uma quantia que o Barão qualificou como uma «insolente ridicularia». S. Excelência acrescentou, também, que não consta que o dito burguês disponha de cabedais suficientes para tamanha empreitada, nem de visão para o negócio, deixando cair a suspeição de o dito cujo estar ao serviço de interesses inimigos de Portugal, quiçá de Castela. Reforçou a sua indignação com uma nota de fervor patriótico, perguntando: «Quem levará Portugal aos Brasis, se as nossas duas caravelas naufragarem? Quem? Quem?». A pergunta não obteve resposta.
Os artesãos e obreiros da Companhia, fazendo-se representar pelas suas guildas e corporações, manifestaram veemente repúdio pelas intenções do burguês nortenho, a quem não reconhecem competência para tão exigente empresa, preferindo-a nas nobres mãos de quem está, revelando assim uma saudável e promissora aliança entre a nobreza e o povo de Portugal, tão característica da nossa alma lusitana.
Ao fim da noite, o audacioso e hostil burguês mandou o filho avisar El Rei que não dará «nem mais um dobrão» pela Companhia e que espera que lhe não dificultem a vida e não o façam perder muito tempo.

7 comentários:

Anónimo disse...

São assim os homens de trato e mercancia. Ousam afrontar os donatários régios da Casa dos Índios com os seus grossos cabedais.

Anónimo disse...

Está mesmo genial!
Fantástico!

André Azevedo Alves disse...

:-)

Anónimo disse...

URGENTE !
Como faço para parar de rir ?

Carpinteiro disse...

Recém-chegada ao Portugal Contemporâneo pergunto-me onde estão as imagens da contemporaneidade por aqui...

RS disse...

Ó Rui, a "guilda" outra vez?
Não seriam as "suas Guidas"?

Então?
;)

(De resto, fabuloso!)

Anónimo disse...

o barão verdadeiro não é o senhor miguel horta e costa da PT