22 janeiro 2006

a direita já perdeu as eleições

Seja qual for o resultado de hoje à noite, existem já um vencedor e um derrotado anunciados: o Engº Sócrates e a Direita portuguesa. Pelas razões que se seguem.
Primeiro, porque as eleições presidenciais marcam o fim de um longo período eleitoral e o início de um não menos extenso mandato legislativo com maioria absoluta do PS.
Segundo, porque o governo exigirá ao Presidente eleito, sobretudo se ele for Aníbal Cavaco Silva, solidariedade nas medidas difíceis que continuará a tomar. Ora, como Cavaco sempre disse, a estabilidade governativa é condição essencial para o bom governo e o desenvolvimento sustentado do país. Se for necessário, Sócrates não se inibirá de lembrar ao professor que o «deixem governar».
Terceiro, Sócrates continuará no governo nos próximos quatro anos, sem eleições. Qualquer resultado que beneficie Manuel Alegre e diminua Mário Soares é-lhe indiferente e, sobretudo, à gigantesca fila de servidores do governo e da administração pública.
Quarto, Cavaco não é, não foi no passado e sê-lo-á ainda menos no futuro, o líder da direita. Quando foi primeiro-ministro dizimou o CDS e fez do PSD um partido que respondia apenas à sua voz. Se a direita, principalmente o PSD, está à espera de benesses e de favores vindos de Belém, que se desengane.
Quinto, porque ainda que Cavaco quisesse (e não quer) a direita portuguesa não existe. No PSD vive-se de uma máquina partidária dependente do poder autárquico conquistado e da partilha do grande «centrão» que, mesmo em oposição, o PS e o PSD sabem, em seu proveito, manter. Goradas as experiências feitas com Fernando Nogueira, Durão Barroso e Santana Lopes, seguia-se, inevitavelmente, na linha de produção de «líderes» laranjas Marques Mendes, o último dos descendentes de Cavaco que faltava ainda testar. Mas Mendes não é líder que convença o eleitorado e a própria máquina do partido. Se o fosse, há mais de dez anos que isso se teria notado.
Do CDS não existem notícias, que não sejam desavenças e picardias rotineiras entre alguns «notáveis» e o líder actual. Entre o grupo parlamentar e a direcção do partido. Ou seja, o mesmo de sempre e de há muitos anos a esta parte.
Em suma e em síntese, a direita que, ao invés do que recomendou o dr. Pires de Lima, não se está efectivamente a preparar para governar (seja lá o que isso for), bem poderá arriscar-se a ver o PS de Sócrates a mandar tranquilamente no país durante os próximos oito anos, sob a tutela de Aníbal Cavaco Silva.

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