Após as últimas eleições legislativas, ocorridas no dia 20 de Fevereiro de 2005, portanto, há quase um ano, o tema dominante da política nacional foi a necessidade, a urgência, a imperatividade da refundação da direita indígena recém esmagada nas urnas pelo país.
Os dados eram claros: uma experiência governativa errática, sem road map definido, ao sabor das circunstâncias e de vontades ocasionais dos seus protagonistas; e o descrédito a que tinham chegado os dois partidos da coligação, bem expresso nos resultados eleitorais.
Nas semanas seguintes, o tema foi dissecado em discussões, debates, intervenções públicas e artigos publicados em jornais e revistas. Concluiu-se, então, que a direita carecia de ser refundada, fosse nos partidos, na forma de pensar e, sobretudo, no modo de interagir com a sociedade, isto é, os eleitores, abrindo-se-lhes, em vez de continuar enredada na lógica progressivamente medíocre e fechada dos seus aparelhos.
Houve, até, um destacado dirigente do CDS-PP, o Dr. António Pires de Lima, que afirmou, e bem, que a direita chegara ao poder sem estar preparada para o exercer. Pelo que, concluía-se, caso lá quisesse regressar nos tempos mais próximos, teria de começar os «treinos» muito cedo, isto é, de imediato.
Depois, no seguimento disto, começaram a surgir alguns indícios dessa eventual renovação: uma fundação que aglutinaria liberais, conservadores e democratas-cristãos com Paulo Portas, patrocinada (paga) por dinheiros provenientes de instituições ligadas ao Partido Republicano dos EUA; uma revista (a Atlântico) que se propunha representar uma nova geração de gente de direita que pensaria para além da política do dia-a-dia; uma intensa actividade blogosférica, com algumas extrapolações públicas, concretizadas em meia dúzia de conferências e debates. E ponto final.
De Outubro para cá, com a vitória esmagadora nas autárquicas, tudo isso (com a honrosa excepção de alguma actividade nos blogues) que, apesar de muito pouco era alguma coisa, se começou a esfumar. A direita parece ter-se convencido que, afinal, não carece de qualquer renovação para chegar de novo ao poder e exercê-lo de forma marcante, isto é, a benefício dos portugueses. Com a aproximação da vitória presidencial de Cavaco Silva, a sensação de triunfo parece reforçar-se. Só que, nem o poder autárquico determina a condução política do país, nem Cavaco será, em Belém, chefe ou inspirador de partidos ou facções políticas, menos ainda das que lhe possam ser próximas. Por outro lado, o «longo Inverno socrático» dos quatro anos a que tem direito, só agora, após as presidenciais, definidas claramente as parcerias e as regras do jogo, se iniciará verdadeiramente.
Por isso, se a direita se convenceu, como parece e tem dado provas evidentes disso, que para voltar ao poder lhe será suficiente ir gerindo o dia-a-dia com os partidos e os «carismas» que tem e no estado em que se encontram, manter a influência dessas estimáveis agremiações no aparelho do Estado, e aguardar que o «inevitável» desgaste do governo de Sócrates lhe coloque o poder no regaço, pode bem estar enganada. Ela, se for inteligente (o que está há décadas por demonstrar), que ponha os olhos no que se passa em Inglaterra, com Tony Blair e o Partido Conservador. É que, num caso e noutro, as semelhanças com a política doméstica são mais do que muitas.
A direita portuguesa que não se precate e vai ver o que lhe acontecerá durante a próxima década.
Os dados eram claros: uma experiência governativa errática, sem road map definido, ao sabor das circunstâncias e de vontades ocasionais dos seus protagonistas; e o descrédito a que tinham chegado os dois partidos da coligação, bem expresso nos resultados eleitorais.
Nas semanas seguintes, o tema foi dissecado em discussões, debates, intervenções públicas e artigos publicados em jornais e revistas. Concluiu-se, então, que a direita carecia de ser refundada, fosse nos partidos, na forma de pensar e, sobretudo, no modo de interagir com a sociedade, isto é, os eleitores, abrindo-se-lhes, em vez de continuar enredada na lógica progressivamente medíocre e fechada dos seus aparelhos.
Houve, até, um destacado dirigente do CDS-PP, o Dr. António Pires de Lima, que afirmou, e bem, que a direita chegara ao poder sem estar preparada para o exercer. Pelo que, concluía-se, caso lá quisesse regressar nos tempos mais próximos, teria de começar os «treinos» muito cedo, isto é, de imediato.
Depois, no seguimento disto, começaram a surgir alguns indícios dessa eventual renovação: uma fundação que aglutinaria liberais, conservadores e democratas-cristãos com Paulo Portas, patrocinada (paga) por dinheiros provenientes de instituições ligadas ao Partido Republicano dos EUA; uma revista (a Atlântico) que se propunha representar uma nova geração de gente de direita que pensaria para além da política do dia-a-dia; uma intensa actividade blogosférica, com algumas extrapolações públicas, concretizadas em meia dúzia de conferências e debates. E ponto final.
De Outubro para cá, com a vitória esmagadora nas autárquicas, tudo isso (com a honrosa excepção de alguma actividade nos blogues) que, apesar de muito pouco era alguma coisa, se começou a esfumar. A direita parece ter-se convencido que, afinal, não carece de qualquer renovação para chegar de novo ao poder e exercê-lo de forma marcante, isto é, a benefício dos portugueses. Com a aproximação da vitória presidencial de Cavaco Silva, a sensação de triunfo parece reforçar-se. Só que, nem o poder autárquico determina a condução política do país, nem Cavaco será, em Belém, chefe ou inspirador de partidos ou facções políticas, menos ainda das que lhe possam ser próximas. Por outro lado, o «longo Inverno socrático» dos quatro anos a que tem direito, só agora, após as presidenciais, definidas claramente as parcerias e as regras do jogo, se iniciará verdadeiramente.
Por isso, se a direita se convenceu, como parece e tem dado provas evidentes disso, que para voltar ao poder lhe será suficiente ir gerindo o dia-a-dia com os partidos e os «carismas» que tem e no estado em que se encontram, manter a influência dessas estimáveis agremiações no aparelho do Estado, e aguardar que o «inevitável» desgaste do governo de Sócrates lhe coloque o poder no regaço, pode bem estar enganada. Ela, se for inteligente (o que está há décadas por demonstrar), que ponha os olhos no que se passa em Inglaterra, com Tony Blair e o Partido Conservador. É que, num caso e noutro, as semelhanças com a política doméstica são mais do que muitas.
A direita portuguesa que não se precate e vai ver o que lhe acontecerá durante a próxima década.
2 comentários:
Com fundos do partido repúblicano ainda importavamos 1 george w. bush! o k seria mto mau!
Disses para pôrem os olhos em inglaterra! Mas eles estao a pôr... mas no partido conservador!
What a great site » » »
Enviar um comentário