(Continuação daqui)
463. A cabeça
É altura de perguntar por que é que hoje eu me sinto tão orgulhoso do post "um caso de escola", a que me refiro no post anterior.
É uma razão simples.
Nesse post eu fiz prova da minha maior qualidade, que é a confiança que tenho na minha própria cabeça. Nada nem ninguém - nem mesmo o medo das "autoridades" - me afastaria da convicção segura que, mais cedo ou mais tarde, acontecesse o que acontecesse, eu não tinha cometido crime nenhum, seria absolvido e a minha razão reivindicada.
Esta é uma qualidade que falta radicalmente ao comum dos portugueses - a confiança na sua própria cabeça (às vezes referida como a sua proverbial falta de auto-estima).
Não admira. Na sua cultura católica, eles não estão autorizados a chegar à Verdade e à Justiça por si próprios, têm de recorrer a intermediários, como a Virgem Maria, os santos e os padres (os quais, em democracia, são substituídos pelos juristas).
A esta luz, a minha condenação assume uma profunda racionalidade. Foram os portugueses a transmitir-me a mensagem: "Tu não és como nós, e vais ter de pagar por isso".
O Papa Bento XVI disse que, nos tempos que correm, é uma virtude ser impopular (cf. aqui). Ou talvez crime. O próprio cristianismo foi fundado por um criminoso.
(Continua acolá)

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