18 maio 2025

GUERRA DE HUBRIS

 



Post redigido com assistência de AI - ChatGPT

Guerra de Hubris

Como a Rússia e o Ocidente sobrestimaram a si próprios na guerra da Ucrânia

"A arrogância precede a ruína, e o espírito altivo precede a queda."
– Provérbios 16:18

1. A origem do conceito de hubris

Na Grécia Antiga, hubris (ὕβρις) não era apenas orgulho ou vaidade — era arrogância desmedida diante dos deuses, um excesso que violava os limites naturais impostos aos mortais. Heróis como Aquiles, Ajax ou Édipo caíam não por fraqueza, mas por confiar cegamente na sua força, ignorando os avisos e os sinais da realidade.

A tragédia clássica ensina que o hubris prepara a nêmesis — a resposta fatal da justiça divina ou histórica.

Dois milénios depois, assistimos a uma versão moderna deste drama: a guerra da Ucrânia, marcada por erros simétricos de avaliação e ambição desmedida, tanto por parte da Rússia de Putin como do Ocidente liberal-democrático.


2. O hubris russo: a ilusão de conquista rápida

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 com uma confiança inabalável no sucesso. O presidente Vladimir Putin, após duas décadas de vitórias estratégicas (Chechénia, Crimeia, Síria), julgava-se em posição de aplicar um golpe relâmpago:

  • Tomar Kiev em poucos dias.

  • Substituir o governo Zelensky.

  • Forçar uma “neutralização” da Ucrânia sem resistência duradoura.

O plano baseava-se numa série de suposições falsas:

  • Que os ucranianos não resistiriam.

  • Que o Ocidente reagiria com sanções simbólicas.

  • Que o Exército russo poderia avançar por várias frentes com força limitada.

Este erro de cálculo não foi apenas militar — foi civilizacional. Putin acreditava que a história estava do seu lado, que a Ucrânia era uma anomalia artificial, e que o mundo unipolar estava a desmoronar-se.

O resultado foi um fracasso estratégico inicial: colunas destruídas, logística quebrada, e a impossibilidade de capturar Kiev. Mas a Rússia, fiel à sua tradição, reorganizou-se rapidamente, adotou uma guerra de desgaste e mobilizou a sua base industrial.


3. O hubris ocidental: a ilusão de queda russa

Se Moscovo pecou por excesso de confiança militar, o Ocidente não ficou atrás no seu erro: acreditou que estava perante o colapso final da Rússia.

Nos meses seguintes à invasão, vozes políticas e mediáticas sugeriram que:

  • As sanções económicas “devastadoras” levariam ao colapso da economia russa.

  • O povo e os oligarcas derrubariam Putin.

  • A guerra criaria uma crise existencial que poderia até fragmentar a Federação Russa.

Era o regresso do velho sonho neoconservador: a mudança de regime em Moscovo — por via indireta, mas com impacto sistémico.

Mais uma vez, as suposições revelaram-se ilusórias:

  • A economia russa resistiu, adaptando-se com parceiros alternativos (China, Índia, Irão).

  • O apoio interno ao Kremlin cresceu, em parte por reflexo nacionalista.

  • O Ocidente não conseguiu isolar Moscovo do “Sul Global”.

A realidade é que a Rússia, com todos os seus defeitos, é um Estado civilizacional, com uma profundidade cultural, militar e estratégica que não se apaga com congelamentos de ativos bancários.


4. Um duelo de ilusões — e milhões a pagar o preço

Hoje, mais de dois anos depois do início da guerra, nenhum dos lados venceu.
A Ucrânia resiste com heroísmo, mas depende inteiramente de ajuda externa.
A Rússia controla território, mas à custa de centenas de milhares de mortos e feridos.
O Ocidente enfrenta desgaste político, inflação persistente, e o risco de divisão interna.

No meio, milhões de vidas foram destruídas. Cidades arrasadas. Famílias desfeitas. Infâncias terminadas. O hubrisestratégico converteu-se em tragédia humanitária — como sempre.

E talvez o mais inquietante seja isto: não sabemos quem errou mais.
Putin iniciou uma guerra injustificável, mas o Ocidente acreditou que poderia redesenhar a Rússia com sanções e proxies.
Ambos jogaram com as vidas de terceiros — convencidos da sua superioridade histórica.


5. Conclusão: regressar à humildade estratégica

A tragédia clássica ensina-nos que os grandes caem não por fraqueza, mas por cegueira moral.
Putin e o Ocidente cometeram o mesmo pecado: confundir poder com destino, força com verdade, sucesso passado com inevitabilidade futura.

Talvez seja tempo de ambos descerem do pódio e regressarem à diplomacia com realismo e humildade.

Se a história ainda tem deuses, eles já lançaram o aviso.

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