O populismo político tende a ter sucesso tanto no Norte como no Sul da Europa, mas por razões diferentes, baseadas nas dimensões culturais de Hofstede.
Sul da Europa: Solo fértil para o populismo
O populismo tem sido historicamente mais forte no Sul da Europa (ex.: Itália, Espanha, Grécia, França) devido a:
Alta Distância do Poder (PDI) – O Sul da Europa aceita mais facilmente estruturas hierárquicas, o que significa que as pessoas ficam muitas vezes desiludidas com as elites, mas ainda esperam que um “líder forte” resolva os problemas. Isto beneficia populistas autoritários.
Alta Evitação da Incerteza (UAI) – Sociedades que evitam a incerteza tendem a preferir soluções claras e lideranças fortes em tempos de crise, tornando-se mais suscetíveis a movimentos populistas radicais ou nacionalistas.
Tendências Coletivistas (IDV) – Em culturas mais orientadas para o grupo, é mais fácil para os populistas enquadrar a política como um conflito entre “o povo” e “a elite corrupta” ou “os estrangeiros”.
Instabilidade Económica – Países como Itália, Grécia e Espanha enfrentaram crises económicas significativas, tornando o populismo de esquerda e de direita (ex.: Podemos em Espanha, Movimento 5 Estrelas em Itália) mais atrativo como alternativa à política tradicional.
Norte da Europa: O populismo num formato diferente
Embora tradicionalmente menos suscetível ao populismo, o Norte da Europa tem registado um crescimento do populismo de direita (ex.: Democratas Suecos, Partido do Povo Dinamarquês, Partido dos Finlandeses). Isto deve-se a:
Baixa Distância do Poder (PDI) – As pessoas são céticas em relação às elites, mas também mais propensas a organizar movimentos de base que desafiam a política tradicional, impulsionando populismos de protesto.
Alto Individualismo (IDV) – Os movimentos populistas no Norte enfatizam frequentemente a liberdade individual e a identidade nacional, focando-se na imigração e na preservação cultural.
Baixa Evitação da Incerteza (UAI) – Ao contrário do Sul da Europa, os habitantes do Norte não têm tanto receio da incerteza, pelo que os seus movimentos populistas focam-se menos em soluções para crises e mais em temas como imigração, soberania nacional e euroceticismo.
Riqueza e Estado Social – O populismo no Norte muitas vezes surge devido a preocupações com o impacto da imigração nos recursos do Estado social, em vez de colapsos económicos.
Quem é mais vulnerável?
Sul da Europa: Mais vulnerável a populismos de esquerda e de direita devido a crises económicas e cultura política hierárquica.
Norte da Europa: Mais propenso ao populismo nacionalista de direita, muitas vezes focado na identidade cultural e na imigração.
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