(Continuação daqui)
7. Sumário e Conclusões
A comunicação da Igreja tipicamente começa pela teologia e prossegue, a partir daí, para assuntos mais mundanos, como a moral, a economia, o direito, a política, até a ciência. O Papa Bento XVI tem argumentado consistentemente que o Catolicismo é uma doutrina racional e que não existe oposição entre a razão e a fé. Fé e razão são complementares e a fé é o limite da razão. Assim sendo, uma estratégia eficaz de comunicação da Igreja perante certas audiências - como, por exemplo, as académicas - seria a de começar, não pela teologia, mas pelas ciências, incluindo as ciências sociais, que reclamam ser o reino da razão. A fé Católica apareceria então como uma consequência e uma necessidade da razão.
A Ciência Económica moderna é, por nascimento, uma ciência Protestante (Adam Smith, Escócia, 1776) e as duas escolas modernas de Economia Política ambas partilham uma origem Protestante - o Liberalismo (Grã-Bretanha) e o Socialismo (Alemanha). Não existe nenhuma escola de pensamento económico que se reclame distintamente Católica. Porém, esta não é uma falta somente da Igreja, é também dos economistas. A Doutrina Social da Igreja, dentro dos seus princípios gerais, sugere uma socioeconomia distintamente Católica.
Este artigo esboçou uma teoria económica da sociedade Católica assente na Doutrina Social da Igreja. O paradigma socioeconómico do Catolicismo foi confrontado com os paradigmas do Liberalismo e do Socialismo, que estão ambos na origem das democracias modernas. A teoria económica da sociedade Católica baseia-se em três pilares, personalismo, comunidade e subsidiariedade e visa a maximização da vida humana.
A conclusão principal do artigo é a de que uma economia puramente Católica, em comparação com uma economia Socialista ou com uma economia Liberal, tende a ser mais concorrencial, mais personalista e menos corrupta; ela promove uma vasta teia de empresas familiares e de relações interpessoais que aumentam a segurança do emprego e a estabilidade económica; ela conduz a uma afectação de recursos mais flexível e a menos desemprego; ela maximiza a probabilidade de o trabalhador se tornar empresário; e está menos exposta, e é mais resiliente; às crises económicas e financeiras. Uma economia Católica pura representa uma espécie de compromisso ou equilíbrio entre os excessos e os riscos postos por uma economia puramente Liberal ou por uma economia puramente Socialista.
(1) Hilaire Belloc, "The Servile State" (1912); também E.F. Schumacher, "Small is Beautiful" (1973).

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