25 fevereiro 2025

O Pêndulo (7)

 (Continuação daqui)



7. Sumário e Conclusões


A comunicação da Igreja tipicamente começa pela teologia e prossegue, a partir daí, para assuntos mais mundanos, como a moral, a economia, o direito, a política, até a ciência. O Papa Bento XVI tem argumentado consistentemente que o Catolicismo é uma doutrina racional e que não existe oposição entre a razão e a fé. Fé e razão são complementares e a fé é o limite da razão. Assim sendo, uma estratégia eficaz de comunicação da Igreja perante certas audiências - como, por exemplo, as académicas - seria a de começar, não pela teologia, mas pelas ciências, incluindo as ciências sociais, que reclamam ser o reino da razão. A fé Católica apareceria então como uma consequência e uma necessidade da razão.

A Ciência Económica moderna é, por nascimento, uma ciência Protestante (Adam Smith, Escócia, 1776) e as duas escolas modernas de Economia Política ambas partilham uma origem Protestante - o Liberalismo (Grã-Bretanha) e o Socialismo (Alemanha). Não existe nenhuma escola de pensamento económico que se reclame distintamente Católica. Porém, esta não é uma falta somente da Igreja, é também dos economistas. A Doutrina Social da Igreja, dentro dos seus princípios gerais, sugere uma socioeconomia distintamente Católica.

Este artigo esboçou uma teoria económica da sociedade Católica assente na Doutrina Social da Igreja. O paradigma socioeconómico do Catolicismo foi confrontado com os paradigmas do Liberalismo e do Socialismo, que estão ambos na origem das democracias modernas. A teoria económica da sociedade Católica baseia-se em três pilares, personalismo, comunidade e subsidiariedade e visa a  maximização da vida humana.

A conclusão principal do artigo é a de que uma economia puramente Católica, em comparação com uma economia Socialista ou com uma economia Liberal, tende a ser mais concorrencial, mais personalista e menos corrupta; ela promove uma vasta teia de empresas familiares e de relações interpessoais que aumentam a segurança do emprego e a estabilidade económica; ela conduz a uma afectação de recursos mais flexível e a menos desemprego; ela maximiza a probabilidade de o trabalhador se tornar empresário; e está menos exposta, e é mais resiliente; às crises económicas e financeiras. Uma economia Católica pura representa uma espécie de compromisso ou equilíbrio entre os excessos e os riscos postos por uma economia puramente Liberal ou por uma economia puramente Socialista. 


Notas e referências:
(1) Hilaire Belloc, "The Servile State" (1912); também E.F. Schumacher, "Small is Beautiful" (1973).
(2) Prémios Nobel da Economia por país: EUA (34), Reino Unido (8), Noruega (2), Suécia (2), Franca, Alemanha, Israel, Países Baixos, Rússia.
(3) Michael Glazier e Monika K. Hellwig (eds.), "The Modern Catholic Encyclopedia", Liturgical Press, Collegeville, Minnesota, 2004 (p. 786).
(4) Catecismo da Igreja Católica: 1912; 1929.
(5) Joseph Ratzinger, "Introduction to Christianity", Ignatius Press, S. Francisco, 2004, pp. 158-161.
(6) G. K. Chesterton, "Por Qué Soy Católico", Editorial Homo Legens, Madrid, 2009.
(7) Catecismo: 1880-81.
(8) Encíclica Centesimus Annus (1991): 49.
(9) Catecismo: Prólogo.
(10) Por processo social impessoal entende-se um processo que é participado por pessoas mas cujos resultados não são determinados por uma pessoa ou grupo de pessoas em particular (v.g., mercado, democracia-liberal) 

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