23 fevereiro 2025

O Pêndulo (3)

 (Continuação daqui)




3. Personalismo


De acordo com a doutrina Católica, o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, portanto, o homem é, na ordem terrena, a fonte, o sujeito e o fim último de todas as coisas (4). O Socialismo, que inverte esta ordem das coisas e põe o homem a servir a sociedade, representa uma heresia à doutrina personalista do Catolicismo. O Liberalismo moderno incorre ainda noutra heresia quando substitui o personalismo pelo individualismo - a ideia de que cada homem é um mero fragmento da sociedade e  essencialmente igual a todos os outros homens.

O Liberalismo, no seu individualismo, vê mais igualdade do que diferença entre os homens, ao passo que o Catolicismo, no seu personalismo,  vê mais diferença do que igualdade. Este contraste assenta na ideia Católica de personalidade, o conjunto dos atributos de cada ser humano que é único, distintivo e irrepetível. O regresso moderno à visão grega do homem como um indivíduo, mais do que como uma pessoa, foi o resultado de uma mudança de atitude característica da modernidade, e que atingiu o seu clímax em Kant. Esta mudança de atitude conduziu ao desenvolvimento das ciências modernas, mas também levou a olhar o homem como um mero facto da natureza, suficientemente igual a todos os outros ao ponto de poder ser massificado e convertido numa mera estatística (5).  

A Ciência Económica moderna, com as suas leis e evidências empíricas baseadas nos factos da realidade (estatísticas) nunca teria sido possível sem esta transformação. Quando o homem é visto como um mero indivíduo, e não mais como uma pessoa com atributos que são distintivos, únicos e irrepetíveis - nisso consistindo a sua personalidade - uma das consequências imediatas é a desvalorização da vida humana. É esta mesma desvalorização que se encontra no Socialismo quando ele afirma a supremacia do Estado sobre o cidadão.

(Continua acolá)

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