(Continuação daqui)
51. De volta
Quem escutar com atenção as intervenções do Presidente Trump na conferência de imprensa que mencionei em baixo (cf. aqui), e muitas outras disponíveis na internet, pode perfeitamente prever que se desenha no horizonte um confronto entre a administração Trump e o poder judicial.
Existem duas ordens de razões. A primeira é a perseguição política pela via judicial de que Trump foi alvo ao longo dos últimos quatro anos. A segunda é o activismo político de certos juízes que tem impedido a implementação imediata de algumas ordens executivas (decretos governamentais) do Presidente Trump.
Quem vai prevalecer neste confronto?
Vai prevalecer Donald Trump e a sua administração (ainda por cima com maioria no Congresso) sobre o poder judicial. A razão é que, enquanto as taxas de aprovação pública do Presidente Trump se encontram a máximos de sempre, as taxas de aprovação pública do sistema de justiça entre os americanos estão ao nível mais baixo de sempre.
Entre 2020 e 2024, a taxa de aprovação dos americanos no seu sistema de justiça baixou de 59% para 35% (cf. aqui), pondo a justiça americana praticamente ao nível da justiça portuguesa onde, segundo o último inquérito de opinião, apenas 26% dos cidadãos tinham confiança na justiça, sendo que 74% classificavam a sua actuação como má ou muito má (cf. aqui).
No primeiro país a nascer como um Estado de Direito Democrático, é o Estado de Direito que está em crise. Lá como cá a justiça deixou-se corromper pela política e as pessoas deixaram de acreditar nela.
A perda de confiança na justiça é um problema grave em Portugal, mas é muito pior nos EUA. É que Portugal é um país com uma cultura homogénea (católica) e de forte tradição, onde as pessoas, mesmo as mais modestas, sabem perfeitamente distinguir o bem do mal, a moralidade da imoralidade, sem necessidade dos tribunais.
Não é assim nos EUA, um país que junta muitas culturas diferentes, oriundas das mais diversas partes do mundo, com códigos de moralidade muito diferentes, onde o sistema de justiça assume um papel de árbitro muito mais importante e decisivo do que em países culturalmente homogéneos como Portugal.
Aquilo que vai sair do confronto entre o poder político e o poder judicial nos EUA é o reforço do poder pessoal do Presidente. Este poder será cada vez mais próximo do poder de um Papa, que é um poder que o Catecismo da Igreja Católica, nos seu artº 882, descreve como "um poder pleno, supremo e universal, que pode sempre livremente exercer" (cf. aqui).
Quer dizer, se fôr assim - como acredito -, os EUA, e o mundo ocidental por arrasto, vão estar de volta cada vez mais ao modelo de governação da Igreja Católica.
É caso para perguntar: Como é que as pessoas se vão poder defender dos abusos que podem ser praticados por este poder pessoal e absoluto?
A Igreja também tem a resposta. está no artºs. 2242 (cf. aqui) e 2243 (cf. aqui) do Catecismo.
(Continua acolá)

Sem comentários:
Enviar um comentário