30 janeiro 2025

O Muro da Vergonha (22)

 (Continuação daqui)



22. O Napoleão das Pampas


Excertos de uma entrevista a Francisco Mele sobre o Papa Francisco, publicada em 2013 no site da Unisinos, uma instituição ligada aos Jesuítas:

"Francisco é o primeiro papa bolivariano da história. A sua visão geopolítica é a de Simón Bolívar, o Libertador: unir a América Latina para torná-la um sujeito econômico autônomo e um ator político independente no cenário mundial: a Pátria Grande" (..).

"Certamente. O projeto geopolítico ao qual se volta a simpatia do Papa Francisco é o de Bolívar, mas também o de Artigas, de San Martín e de tantos outros patriotas latino-americanos: a unidade da América do Sul como contrapeso aos Estados Unidos, a superpotência que representa os interesses do Norte. Bergoglio disse e escreveu em várias ocasiões sobre a unidade latino-americana. (...)

"É a teologia do povo. Ela é entendida como superação da teologia da libertação, embora não renegando-a. Os teólogos da libertação se inspiravam em uma interpretação sócio-estrutural de corte marxista. Os teólogos do povo, inspirando-se na doutrina social da Igreja, nos documentos do episcopado latino-americano de Medellín (1968), Puebla (1979) e Aparecida (2007), e em um filão histórico-cultural que destacou, dentre outros, Lucio Gera e Juan Carlos Scannone, não acreditam nas classes, mas sim no povo. Com uma atenção especial aos pobres, que na América Latina ainda são muitos, demais. Bergoglio quer uma Igreja "dos pobres para os pobres", inclinada ao lado do povo sofredor, humilhado, traído pelas elites e exposto às insídias do individualismo hedonista libertário, do capitalismo selvagem e da globalização imperialista (...). 

"Francisco é um grande estrategista. Ele me lembra Napoleão (...)"

Fonte: cf. aqui


Comentário: Nem mesmo um Bolívar ou Napoleão das Pampas após 12 anos de papado  conseguiu evitar que o povo preferisse o capitalismo selvagem à "Pátria Grande" da América Latina. 


(Continuação acolá)

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