(Continuação daqui)
Cerimónia de Abertura do Ano Judicial (cf. aqui)
60. A promiscuidade
Eu espero que o Almirante Gouveia e Melo, quando fôr Chefe de Estado, não se preste a participar nesta cerimónia, muito menos a presidi-la.
É uma cerimónia medieval, caduca (fruto de uma tradição profundamente anti-democrática), ostentatória do poder (à boa maneira da Inquisição), corporativa (os participantes são todos juristas) e que exibe em toda a sua plenitude e solenidade a promiscuidade que existe entre o poder político e o poder judicial em Portugal.
Só faltou, este ano, a presença da Igreja Católica para abençoar tudo isto (cf. aqui). Houve um protesto, curiosamente vindo de um juiz, também dirigente da Igreja Católica, que melhor representa a promiscuidade entre o Estado e a Igreja (cf. aqui).
A presença de um Chefe de Estado nesta cerimónia equivale a validar a acção dos principais responsáveis pelas três corporações ("capoeiras") que se apropriaram do sistema de Justiça, pondo-o ao seu serviço, e subtraindo-o ao serviço da comunidade, a tal ponto que a Justiça é hoje o serviço do Estado em que os portugueses menos confiam (cf. aqui e aqui).
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